O título que melhor resume a vida da religiosa da Fraternidade das Oblatas de São Bento, irmã Dalva Ivete de Jesus, é mãe de moradores em situação de rua.
“Ela era generosa, doce e ao mesmo tempo a mais brava do mundo”, segundo a instrumentadora cirúrgica Marta do Amaral de Souza Aranha Troster, 58.
Irmã Ivete, como era conhecida, precisava desse contraste em sua personalidade para lutar diariamente pela justiça e proteção dos menos favorecidos. Disciplina, determinação e alegria a guiavam na missão.
Irmã Ivete nasceu em Santos (a 72 km de SP), morou em Pedro de Toledo (a 145 km de SP) e depois mudou-se para São Paulo. Segundo Wilma Conceição de Jesus, sua irmã sempre teve o dom de ajudar ao próximo.
Na década de 1950, foi uma das fundadoras da OAF (Organização de Auxílio Fraterno), entidade que começou com trabalho em prol de presos, crianças e atualmente atende população de rua e vulneráveis no centro de São Paulo.
Com veia artística aflorada, Ivete fundou a Casa Cor da Rua, onde ensinava uma combinação entre arte e artesanato com o material dos catadores. A oficina tornou-se um espaço de acolhimento, alegria e beleza, assim como de geração de renda.
“A dignidade que essas peças recuperam pela força do trabalho humano não deixa de ser uma metáfora da vida do morador de rua e de suas possibilidades”, disse irmã Ivete quando falou sobre o assunto à Folha.
Soma-se ao seu legado a paixão pela população de rua, o amor ao próximo e o trabalho incessante na luta pela justiça social.
Dalva Ivete de Jesus morreu dia 14 de julho, aos 78. De acordo com Wilma, o seu estado de saúde estava bastante debilitado. Deixa cinco irmãos e sobrinhos.
Atendendo ao seu desejo, as cinzas do corpo de irmã Ivete serão lançadas ao mar, em Santos.
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