Parque Augusta abre as portas para o público neste sábado (6)

Terreno reúne arquibancada, cachorródromo, bosque e ruínas arqueológicas

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São Paulo

Até o fim dos anos 1960, meninas da elite paulistana entravam no Colégio Des Oiseaux por meio de um imponente portão localizado na rua Caio Prado. Restaurado e tombado como patrimônio histórico, o pórtico agora cumpre uma nova função: trata-se de uma das entradas para o parque Augusta, que abre as portas ao público neste sábado (6).

A abertura está prevista para às 9h e será realizada uma cerimônia com a presença do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e do vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB). Depois disso, a previsão é de que o espaço fique aberto para o público —o local vai funcionar todos os dias das 5h às 21h.

Vista do caminho que liga ao bosque do Parque Augusta Prefeito Bruno Covas que está pronto para inauguração
Vista do caminho que liga ao bosque do Parque Augusta Prefeito Bruno Covas que está pronto para inauguração
Eduardo Knapp/Folhapress
Vista do caminho que liga ao bosque do Parque Augusta Prefeito Bruno Covas que está pronto para inauguração

A inauguração do espaço de cerca de 24 mil m², que ocupa parte do quarteirão entre as ruas Augusta, Caio Prado e Marquês de Paranaguá, coloca um fim à novela que envolve o terreno e se arrasta há 50 anos.

Isso porque, depois de servir como colégio até o final dos anos 1960, o terreno passou pelas mãos de um ex-banqueiro e da construtora Teijin, mas nada foi feito na área. Até que, em 2013, as construtoras Cyrela e Setin adquiriram o espaço e anunciaram a intenção de erguer prédios no local.

Mas após reivindicações de ativistas e de moradores da região, teve início uma longa negociação sobre o futuro do terreno. Depois de uma série de idas e vindas, as empresas aceitaram doar o espaço à Prefeitura de São Paulo para a construção do parque Augusta em troca de créditos para erguer novos empreendimentos na cidade.

Como parte do acordo, os custos de implantação do parque foram realizados pelas construtoras. De acordo com a prefeitura, os investimentos com a obra giram em torno de R$ 11 milhões.

O projeto reúne arquibancada, cachorródromo, parque infantil, academia para terceira idade, redário, local para instalação de slacklines e um bosque. Além do portão de entrada, a chamada Casa das Araras também é tombada.

Para a concepção, a prefeitura de São Paulo afirma que cruzou quatro propostas encaminhadas pela população e, assim, desenvolveu um estudo preliminar. A análise foi encaminhada para as construtoras que contrataram o escritório Kruchin Arquitetura, responsável pelo projeto final.

De acordo com o arquiteto Samuel Kruchin, a maior relevância do parque está ligada ao jardim da época do Colégio Des Oiseaux, que foi recuperado e está localizado na área do bosque. Com a retirada de terra de parte da área, as orlas desses caminhos que estavam escondidos foram recuperadas.

"Foram descobertos espaços sagrados, com oratórios e grutas. É a partir desse jardim, que compunha a origem de toda a historia, que se faz esse projeto. Além disso, esse jardim histórico se conecta a um jardim contemporâneo", analisa Kruchin.

Kruchin reflete que o parque afirma que o projeto contempla diferentes gostos, já que conta com uma área aberta e solar, como onde está localizada a arquibancada e o playground, e outra mais intimista, como o bosque e o redário.

Caminho do Colégio Des Oiseaux que foi resgatado durante obras do parque Augusta

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Jardim do Colégio Des Oiseaux que foi resgatado durante obras do parque Augusta
Caminho do jardim do parque Augusta que foi restaurado durante a obra

- Arquivo Pessoal/Kruchin Arquitetura

As obras foram atrasadas, em meio à pandemia em 2020, quando houve a descoberta de atrativos arqueológicos —nas escavações foram achados 2.126 materiais como louças, vidros, pisos, soleiras de porta, cerâmicas e metais, entre outros itens.

Parte do que foi encontrado durante a escavação está exposto no parque, como ruínas localizadas no gramado da região central do terreno, que correspondem a parte da fundação do antigo Colégio Des Oiseaux. "Deixamos ali para para reportar as edificações que existiam nesta área", destaca Kruchin.

O local surge depois de uma longa batalha de ativistas e moradores da região que reinvidicaram a construção de torres no terreno. Para o arquiteto Samuel Kruchin, o projeto de alguma forma se trata de "um grande elemento de conciliação de tempos históricos diferentes e de interesses contemporâneos diversos".

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