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Possibilidade de ataque do 'novo cangaço' aterroriza moradores de Varginha (MG)

Operação policial na madrugada de ontem no município terminou com a morte de 26 suspeitos.

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Varginha (MG)

A gerente financeira Ana Paula Ferreira, 36, chegou cedo nesta segunda-feira (1º) à Igreja do Mártir São Sebastião, em Varginha, região sul de Minas. Ela normalmente vai ao local para rezar pela família e por trabalho, mas desta vez, aumentou o tamanho da oração: agradeceu também pela cidade não ter sido alvo de um ataque do "novo cangaço".

A Polícia Militar do estado e a Polícia Rodoviária Federal afirmam que impediram uma ação de larga escala para roubar bancos no município que estava sendo organizada por um grupo de criminosos para os próximos dias.

Material apreendido pela polícia durante a operação em Varginha (MG)
Material apreendido pela polícia durante a operação em Varginha (MG) - PRF/Divulgação

A operação das forças de segurança, que aconteceu na madrugada de domingo (31), deixou um saldo de 26 suspeitos mortos em Varginha. A informação anterior repassada pelas polícias era que o número de mortos era de 25. Segundo as autoridades, o grupo se preparava para roubar bancos no município.

Há dois dias, a ação policial é o tema das rodas de conversas nas praças e bares da cidade, que até então era mais famosa por um suposto caso de aparição de um extraterrestre em 1996.

Armas de grosso calibre, munição e explosivos foram localizados junto com os suspeitos, que estavam em dois sítios que ficam em lados opostos da cidade. A polícia afirma que, ao chegar nos dois lugares, os agentes foram recebidos a tiros, e que eles apenas revidaram.

Em um dos sítios, foram mortos 18 suspeitos e, no outro, 8 —nenhum policial ficou ferido na ação.

Ana Paula Ferreira, moradora de Varginha, fez uma oração para agradecer que o ataque não aconteceu
Ana Paula Ferreira, moradora de Varginha, fez uma oração para agradecer que o ataque não aconteceu - Leonardo Augusto/Folhapress

​Baseada no número de envolvidos, na potência das armas e no grande número de carros também apreendidos, os policiais afirmaram que a quadrilha era a mesma que já realizou uma série de ataques a outras cidades de Minas Gerais e de São Paulo, no que ficou conhecido como "novo cangaço".

Nessa modalidade, um grande número de pessoas fortemente armadas chega em comboio a municípios de médio porte para assaltar bancos, em geral com a utilização de explosivos.

Em um dos ataques mais recentes, em Araçatuba (no interior de SP), a quadrilha chegou a colocar um morador tomado como refém no capô de um veículo. Três pessoas morreram na ação. Ataque semelhante ocorreu também em Uberaba (MG).

Varginha, que tem aproximadamente 140 mil habitantes, é uma cidade normalmente tranquila. Há quem pare o carro nas ruas e deixe os vidros abertos enquanto vai à padaria ou ao banco, inclusive.

"Isso nunca aconteceu aqui. Já teve pequenos roubos, mas isso"?, disse Ana Paula, na saída da igreja.

"Incluí nas orações, por não ter ocorrido aqui, o que vimos em outras cidades. A gente nunca sabe o que pode acontecer, é verdade. Mas nesses casos, pelo que já houve em outros lugares, nunca é bom", completou ela.

Professor e dono de uma escola de idiomas na cidade, Eduardo Luiz Pinheiro, 68, também ficou chocado com o que aconteceu. Segundo ele, Varginha pode ter se transformado em alvo da quadrilha por ser um centro regional importante. "É o crime organizado tentando se aproveitar da prosperidade econômica do município", afirmou.

"Há algum tempo tínhamos guardas municipais cuidando das praças. Não temos mais. Isso é importante, para evitar depredações", afirmou o professor, que no início da tarde desta segunda-feira coletava o lixo jogado fora da cesta da praça que fica em frente à sua casa. "O caminhão tem hora para passar, mas às vezes as pessoas não respeitam".

O comerciante Luiz Fernando Bittecourt, 65, há 20 anos dono de um restaurante na cidade, afirmou que o ataque teria causado péssimas consequências em Varginha, porque provavelmente levaria ao fechamento do comércio.

Ele disse ainda que, pelo modo de atuação dos suspeitos, alguns deles podem inclusive ter frequentado o seu restaurante.

Investigações

Uma carreta com fundo falso na carroceria foi apreendida pela polícia em Muzambinho, também no sul de Minas, a 140 quilômetros de Varginha. As autoridades agora investigam se os suspeitos planejavam usar o veículo durante sua fuga após o ataque em Varginha.

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