Descrição de chapéu Rio de Janeiro chuva

Comunidade HQ faz campanha para apoiar youtuber que perdeu a família em Petrópolis

Soterramento matou mulher, dois filhos e sogros de Alessandro Garcia, do Ministério dos Quadrinhos

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São Paulo

A foto do perfil do professor Alessandro Garcia, 38, no Facebook, é uma homenagem e uma recordação: a imagem mostra os dois filhos dele, Bento e Sophia, deitados, de pijama e mãos dadas.

Bento era uma criança de cinco anos e Sofia tinha apenas um ano e seis meses. Os dois morreram em um soterramento na chuva histórica que arrasou Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, há uma semana. O temporal deixou ao menos 181 mortos e 104 desaparecidos.

Imagem de luto com as iniciais MDQ
Card com homenagem à família de Alessandro Garcia - Reprodução/Twitter

Garcia perdeu também a mulher, Carolina, 37, mãe das duas crianças, e os sogros. "Acabei de chegar do enterro da Carol e da Sophia. Dois terços do meu coração ficaram lá. A última parte foi encontrada faz pouco. O enterro do Bentinho será amanhã", ele escreveu, no sábado (19), em sua rede social.

Além de professor de sociologia, Garcia é youtuber e mantém o canal Ministério dos Quadrinhos, que descreve como um espaço para conversar sobre "os bons e velhos gibis". A tragédia comoveu a comunidade dos quadrinhos, que está unida para ajudá-lo.

Uma campanha arrecada dinheiro para o youtuber reconstruir a vida. Ele morava na rua Teresa, um dos locais mais afetados pela forte chuva em Petrópolis. O imóvel foi soterrado e apenas Garcia conseguiu escapar, com ferimentos nas pernas. Perdeu a casa e a família inteira.

Especialistas e fãs de quadrinhos prestam solidariedade. "Todos os nossos pensamentos positivos estão contigo", disse Sidney Gusman, editor do Universo HQ e da Maurício de Sousa Produções. O jornalista Érico Assis sugeriu que os fãs de quadrinhos deixem de comprar um exemplar em capa dura este mês para ajudar Garcia.

Entre outros, os canais Universo HQ, Pipoca & Nanquim, Comics, Toys & Travels, HQzasso, BBQs e Comix Zone divulgaram vídeos para pedir ajuda ao professor.

Antes dos corpos serem encontrados, amigos se mobilizaram para contribuir com a localização da família e compartilharam imagens de Carolina, Bento e Sophia.

Ao anunciar a missa em memória à mulher, filhos e sogros, o youtuber agradeceu ao apoio que recebe. "Ainda não tenho condições de falar muito, mas não tem preço toda acolhida. Não sei o que seria de mim se estivesse sozinho numa hora dessas", disse. A missa será nesta quarta-feira (23).

Os enterros das vítimas da tragédia em Petrópolis começaram na quarta-feira (16), quando a pequena Evelyn Luiza Netto da Silva, 11, foi sepultada.

Para enterrar tanta gente, a prefeitura abriu novas covas rasas (menos profundas e mais baratas) e descartou um grande enterro coletivo "para respeitar a programação das famílias".

As famílias se concentram no IML (Instituto Médico Legal) de Petrópolis, onde uma funcionária lê numa lista os nomes dos corpos que já foram liberados.

A cidade revive um desastre que já viveu de maneiras parecidas em ao menos dois verões, em 1988 e em 2011.

De acordo com as autoridades, na terça-feira, choveu em apenas seis horas (260 mm) o equivalente aos últimos 30 dias (272 mm). Em razão do temporal, houve deslizamentos de diversos pontos da cidade, destruindo casas e matando famílias inteiras.

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