Descrição de chapéu Alalaô

Desfile de blocos acaba em SP com foliões já de olho em novo Carnaval em julho

Preocupados com o frio, os mais animados já começam a pensar em adaptar fantasias para sair às ruas

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São Paulo

O Carnaval fora de época terminou neste domingo (24), em São Paulo, e já deixou saudade em algumas pessoas. Foliões que foram às ruas da capital paulista no finzinho do feriado de Tiradentes estão de olho na possibilidade de um novo Carnaval em julho. Nem o frio dessa época do ano desencoraja os mais animados.

A Prefeitura de São Paulo ofereceu aos blocos de rua a possibilidade da realização de desfiles, desta vez de forma oficial, com apoio e aparato, nos dias 16 e 17 de julho. O projeto, encabeçado pela secretária de Cultura, Aline Torres, ainda depende da adesão dos grupos.

A gestão municipal vai consultar quantos e quais blocos pretendem desfilar para avaliar o tamanho que terá isto que está chamando de esquenta para o Carnaval 2023.

Unidos do Swing faz o cortejo no ao som de jazz na Avenida Paulista - Bruno Santos/Folhapress

No desfile do Unidos do Swing, atriz e produtora Carolina Kern, 35, afirmou que "animada" não é bem a palavra, mas, se for ter mais um Carnaval, ela estará presente.

"A gente vai ter que ir, mas vai estar frio, né? Julho é muito frio para Carnaval, vai estar todo mundo cheio de roupa", diz ela, que ama a folia e foi em blocos improvisados ao longo do feriado de Tiradentes.

A psicóloga Luhana Lopes, 26, curtiu um bloco por dia. "Eu gosto de Carnaval, mas quem ama mesmo é o meu namorado e ele já disse que vai [em julho]. Então, também vou."

Para ela, se a festa acontecer mesmo, os foliões devem adaptar fantasias para sair às ruas mais protegidos do frio. "Acho que vamos ter que pensar em usar uma manguinha ou uma meia-calça", diz.

Cheias de glitter no rosto, as amigas Vívian de Matos, 26, e Alicia Dias, 23, também afirmam que o frio não seria empecilho para curtirem festa na rua. "Em 2020, a última vez que teve, eu viajei no Carnaval e não aproveitei. Então, eu vou", diz Matos.

"Toda possibilidade de usar um glitter, a gente vai aproveitar"

Alicia Dias

foliona de 23 anos

Já um trio de amigos recifenses vê no Carnaval em julho a possibilidade de usar fantasias que o clima quente do nordeste não permite.

"A gente pode usar couro, luvas, roupa de Mulher-Gato e está tudo certo", brinca Maria Soares, 35, que trabalha com eventos.

No Bloco do Secreto, que reuniu foliões na tarde deste domingo em uma praça em Perdizes, o clima era semelhante.

"A gente sempre tem pique, a galera estava sedenta por Carnaval. Se tiver em julho, vamos de blusa, isso é fácil", diz Pamella Rego da Conceição, 37, que curtia a folia com a filha Elis, 4 meses, no colo.

Liliane do Vale, 37, concorda. "É preciso, sim, de Carnaval em julho", diz ela. "Se não, fica a impressão de que a prefeitura não fez a parte dela. É preciso que eles se organizem principalmente para as crianças, este ano não teve blocos infantis."

Já Erica Martinez, 42, duvida quanto à realização da festa em julho. "Não fizeram em fevereiro e nem em abril", lamenta. "Só tiveram blocos que conseguiram bancar o evento, gastando com banheiro químicos e contratando serviço de limpeza para manter a integridade do espaço público. Nem isso a prefeitura fez."

Sem apoio da administração municipal para o Carnaval fora de época, os blocos se organizaram de forma independente. Para viabilizar a saída, alguns passaram o chapéu entre os integrantes, pediram Pix e fizeram vaquinhas online.

A maioria dos festejos em que a Folha esteve presente instalou banheiros químicos na concentração. Porém, quando os cortejos se iniciavam, foliões ficavam sem opção e muitos faziam xixi nas ruas de São Paulo.

Outra opção foi entrar em restaurantes e bares. Alguns cobravam uma taxa para que os carnavalescos usassem o banheiro, caso de um cabeleireiro em Santa Cecília que pedia R$ 5 durante o cortejo do Charanga do França, neste domingo.

Ao longo do feriado, os cortejos reuniram centenas de foliões, principalmente em bairros como Barra Funda, Perdizes e Santa Cecília. Os desfiles aconteceram, em geral, de forma pacífica.

A Folha viu que alguns cortejos foram acompanhados pela polícia, caso do Unidos do Swing. Em outros, caso do Bloco Feminista e da Charanga do França, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) esteve presente na tentativa de organizar o trânsito.

No entanto, furtos de celulares foram registrados nos blocos, em especial naqueles que se dispersaram no início da noite. Para se protegerem, foliões esconderam ou até removem os aplicativos de banco dos celulares para evitar que, caso sejam assaltados, bandidos invadam as contas bancárias.

Na primeira noite de festa, sem policiamento nas proximidades, foliões do Bloco do Amor, na Barra Funda, por exemplo, foram vítimas de ladrões. Quatro rapazes em bicicletas rondavam as bordas da praça e, num bote, tomaram o celular de um engenheiro eletrônico de 29 anos.

Minutos depois, um suposto integrante do bando, também numa bicicleta, passou pelo grupo de amigos e, ao ser apontado, ainda fez um "hangloose" e desapareceu por uma rua lateral.

Após dois anos de pandemia de Covid, a retomada dos blocos, mesmo que de forma improvisada, contou com foliões animados que cantavam, flertavam e dançavam durante horas nas ruas da cidade.

Segundo a prefeitura, o serviço de limpeza recolheu 12 toneladas de lixo no sábado (23), 500 kg na sexta (22) e 1 tonelada na quinta (21). "Foram poucas pessoas que saíram às ruas, sem gerar grandes problemas", minimizou o prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Fantasias não foram o forte deste ano. Além de glitter, confete e serpentina, foliões usavam também hot pants, body com meia-calça arrastão, tapa-mamilos, ombreiras e capas brilhantes.

Crianças também marcaram presença nos blocos. Acompanhadas dos pais, a maioria usava fantasias de princesas e super-heróis.

Em ano eleitoral, o tom político se fez presente em muitos blocos. A maioria puxava gritos contra o presidente Jair Bolsonaro (PL), alguns, que optaram por não dizer seu nome, preferiam gritar frases como "fora, genocida".

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