Descrição de chapéu Obituário João José de Sousa Junior (1948 - 2022)

Mortes: Misturou feijoada, geologia e boas histórias

João José de Sousa Junior tinha paixão pelo céu e pela Amazônia

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São Paulo

Mineiro de Uberaba, João José começou a trabalhar ainda na infância. De engraxate passou a lavar banheiros num hotel da cidade.

Aos 17 anos, após o pai ser preso, ele ainda teve que virar o chefe da família. Por isso, foi buscar um emprego que tivesse um salário melhor —conseguiu um como cobrador de ônibus. E assim seguiria pelo resto da vida, sempre ajudando a mãe e os irmãos.

O estudo sempre fez parte dos seus planos para o futuro. Estudou até conseguir uma vaga no curso de geologia da Universidade de Brasília. Aluno de manhã, trabalhava na biblioteca durante a noite.

Após formado, João virou professor e deu aulas de geologia de campo, mapeamento geológico e aerofotogeologia no Centro de Geologia Eschwege, ligado ao Instituto Geociências da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), em Diamantina. Lá conheceu a mulher, Iêda de Araújo Meira Sousa.

João José de Sousa Junior (1948-2022) com a esposa, Iêda
João José de Sousa Junior (1948-2022) com a esposa, Iêda - Arquivo pessoal

Em 1975, os dois se casaram em Belo Horizonte e foram morar em Serra do Navio, no Amapá, onde trabalhou como geólogo.

Por causa da participação no projeto Radam Brasil —ação ligada ao Ministério de Minas e Energia responsável pela pesquisa de recursos naturais— passou longas temporadas na Amazônia e morou em Goiânia e Florianópolis.

"O Radam Brasil foi tão importante que levou meu pai a outros estados. O que se sabe sobre solo, recursos minerais e cartografia da Amazônia e de outros estados se deve a esse trabalho que ele fez parte. O trabalho dele foi importante para estudos utilizados até hoje", afirma o cineasta Fabio Meira, 42, um dos filhos.

Em 1985, com o fim do Radam, João voltou a Goiânia, trabalhou na Metago (Metais de Goiás) e foi secretário na Femago (Fundação Estadual do Meio Ambiente de Goiás). "Ele teve papel fundamental na recuperação dos aquíferos de Caldas Novas", diz Fabio.

Foi ainda articulista e colunista no Diário da Manhã, jornal de Goiânia. João se dizia orgulho de sua carteirinha de jornalista e também gostava de lembrar que chegou a ser entrevistado por Jô Soares na TV.

Mesmo morando em Goiás, a Amazônia seguiu sendo uma de suas paixões —assim como a observação do céu e a fotografia, entre outras. Nas horas vagas, o geólogo dava lugar ao cozinheiro especialista em feijoada e ao contador de boas histórias, uma combinação que a família adorava.

João morreu oito dias antes de completar 74 anos, em decorrência de embolia pulmonar após uma cirurgia. Deixa a esposa, filhos, netos e a mãe.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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