Descrição de chapéu Obituário Elias Pinheiro (1962 - 2022)

Mortes: Popular e festivo, era o 'maluco beleza' de Tupã (SP)

Elias Pinheiro, o Lia, era fã de Raul Seixas e não perdia a oportunidade de comemorar a vida

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São Paulo

Fã de Raul Seixas, o impressor e distribuidor de jornais Elias Pinheiro, o Lia, tinha um verso do cantor e compositor como lema de vida: "E, quando todos praguejavam contra o frio, eu fiz a cama na varanda".

O trecho de "Eu nasci há dez mil anos atrás", clássico de Raul, tem mesmo tudo a ver com o jeito que ele escolheu para levar o dia a dia. Alegre, engraçado, um tom acima, Lia não admitia ficar fora de nenhuma festa em Tupã, no interior de São Paulo, onde morava. Conhecia todo mundo e era empolgado até na hora de cumprimentar as pessoas.

A imagem mostra um sorrindo e tocando violão
Elias Pinheiro, conhecido como Lia, era popular em Tupã, no interior de São Paulo - Reprodução

"O pessoal brincava: o Lia tem um parafuso a menos. Eu prefiro achar que ele tinha um coração a mais", diz o jornalista João Pedro Feza, amigo há quase 30 anos.

Feza viveu ao lado dele uma cena que resume o estilo do "maluco beleza" de Tupã. No começo da amizade, Lia chamou o jornalista para uma festa de casamento. Os dois foram barrados na porta porque o impressor não havia sido convidado. Insistente, Lia pediu para chamarem o noivo, que cumprimentou com o entusiasmo de sempre. E conquistou o direito a uma das melhores mesas do evento.

Atualmente responsável pela logística de distribuição no Diário de Tupã, era conhecido como "Lia do jornal" por causa dos anos em que passou em outra publicação, a extinta Folha do Povo, onde foi entregador, pestapista e impressor. Era tão ligado ao jornal que morou nos fundos da redação.

Também era famoso por "bater ponto" em uma padaria de Tupã. Foi lá que passou as últimas horas de vida, no domingo (23). Saiu do local à tarde, na garupa da bicicleta de um amigo, para um almoço. Caiu no caminho, bateu a cabeça, foi levado para a Santa Casa da cidade e morreu em seguida, aos 60 anos.

"Ele deixou um ensinamento: ser uma pessoa bacana sem precisar de muita coisa", disse a cunhada, Maria Auxiliadora Pacheco de Campos Pinto. Segundo ela, o único interesse de Lia era viver com alegria.

Amigos foram às redes sociais para homenagear uma das figuras mais populares de Tupã. Alguns lembraram dele como torcedor do São Paulo. Outros citaram o jeito engraçado que usava para chamar as pessoas, "pissita".

Júlio César Evangelista cantou "Cowboy fora da lei", de Raul, que Lia sempre pedia para ouvir nas festas. O cartunista Anderson Pacheco desenhou o amigo ao lado do roqueiro. Feza escreveu um texto de despedida.

"Os amigos precisarão se acostumar a não contar mais com toda aquela festa que ele fazia nos encontros na rua, na padaria, por telefone", disse o jornalista.

O 'maluco beleza' foi sepultado na segunda-feira (23). O coveiro Nilson Aparecido colocou uma playlist de Raul Seixas para tocar no celular, em um último tributo ao amigo, de quem sempre ganhava um exemplar do jornal do dia.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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