Censo: veja perguntas dos questionários e como a pesquisa será aplicada

IBGE projeta iniciar entrevistas em 1º de agosto

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Rio de Janeiro

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) está em contagem regressiva para colocar em campo os questionários do Censo Demográfico 2022, após dois anos consecutivos de adiamento da pesquisa.

O início da coleta das informações, por meio das entrevistas, está previsto para 1º de agosto. O IBGE planeja visitar 75 milhões de domicílios espalhados pelo Brasil, onde moram cerca de 215 milhões de pessoas.

Tradicionalmente, o levantamento analisa uma ampla lista de assuntos, que vai desde a estrutura das residências até os traços da população, como cor ou raça e níveis de educação e renda.

Os questionários deste ano estão menores, mas contam com três perguntas novas, que buscam apurar detalhes sobre os grupos quilombolas e a população com autismo.

Em uma fase anterior às entrevistas do Censo, equipe do IBGE pesquisa entorno de domicílios no Itaim Bibi (SP) - Zanone Fraissat - 21 jun.2022/Folhapress

O Censo é considerado o trabalho mais detalhado a respeito das características demográficas e socioeconômicas do Brasil. A pesquisa foi adiada em 2020 e 2021 em razão das restrições causadas pela pandemia e do corte de verba por parte do governo federal.

Para realizar o levantamento, o IBGE adota dois questionários desde o Censo de 1960: o modelo básico (simplificado) e o da amostra (ampliado). Não será diferente em 2022.

Questionário básico

O questionário básico é composto por 26 perguntas neste ano. O modelo está dividido nos seguintes blocos: identificação do domicílio, informações sobre moradores, características do domicílio, identificação étnico-racial, registro civil, educação, rendimento do responsável pelo domicílio, mortalidade e dados da pessoa que prestou as informações.

Esse questionário será aplicado em 89% das residências e pode ser consultado na íntegra no site do Censo.

Veja exemplos de perguntas do questionário básico

  • Quantas pessoas moravam neste domicílio em 31 de julho de 2022?

  • Qual a principal forma de abastecimento de água utilizada neste domicílio?

  • A sua cor ou raça é? As opções de resposta são branca, preta, amarela, parda ou indígena

  • Sabe ler e escrever?

  • Qual era o rendimento bruto mensal normalmente recebido pelo responsável pelo domicílio?

  • De janeiro de 2019 a julho de 2022, faleceu alguma pessoa que morava com você(s)?

Questionário da amostra

O questionário da amostra, por sua vez, é mais detalhado, já que reúne 77 perguntas. Conforme o IBGE, esse modelo será aplicado em 11% dos domicílios.

O percentual de locais selecionados para a amostra é chamado de fração amostral. O Censo irá aplicar cinco frações amostrais diferentes, de acordo com os tamanhos dos municípios.

A versão ampliada do questionário investiga, além dos campos contidos no modelo básico, as seguintes áreas: trabalho e rendimento, nupcialidade, núcleo familiar, fecundidade, religião ou culto, pessoas com deficiência, migração interna e internacional, deslocamento para estudo, deslocamento para trabalho e autismo.

O questionário da amostra também pode ser consultado na íntegra no site do Censo —clique aqui para ver.

Veja exemplos de perguntas do questionário da amostra

  • Vive em companhia de cônjuge ou companheiro(a)?

  • Quantos filhos e filhas nascidos vivos teve até 31 de julho de 2022 (para mulheres)?

  • Qual é sua religião ou culto?

  • Qual a sua crença, ritual indígena ou religião (questão para aplicação em terras indígenas)?

  • Tem dificuldade permanente para enxergar, mesmo usando óculos ou lentes de contato?

  • Já morou em outro município do Brasil ou país estrangeiro?

Segundo o IBGE, a estratégia de usar dois tipos de questionários permite um levantamento amplo sem que a operação censitária sobrecarregada.

O instituto afirma ainda que metodologias estatísticas garantem que as informações do modelo da amostra possam ser ampliadas para o total da população.

Questionários encolhem neste ano

Os dois questionários ficaram menores em 2022, se comparados à edição anterior do Censo, de 2010, quando o levantamento teve 34 perguntas na versão básica e 102 na de amostra.

A redução no tamanho dos questionários, segundo o IBGE, buscou agilizar a operação e adequá-la ao orçamento de 2022.

A verba projetada para o Censo é de cerca de R$ 2,3 bilhões, liberada só após o STF (Supremo Tribunal Federal) ser acionado —inicialmente, as operações da nova edição haviam sido estimadas em mais de R$ 3 bilhões.

"A gente percebeu a menor receptividade da população com um questionário muito grande. Em um questionário que vai ser aplicado para 215 milhões de pessoas, a gente tem de pensar em não se alongar muito", disse Luciano Duarte, coordenador técnico do Censo Demográfico, em seminário na terça-feira (28).

"A questão do orçamento foi marginal [...]. O carro-chefe para [a pergunta] estar ou não no questionário foi a possibilidade de termos o máximo de respostas", acrescentou.

Neste ano, foi excluído, por exemplo, o tema de emigração internacional, investigado apenas em 2010. O IBGE indicou que se trata de um "evento raro" que pode ser analisado por meio de outras fontes de dados.

Também foram retiradas perguntas que abordavam itens relativos à posse de bens, tipo de domicílio e condição de uso e posse. Esses dados devem ficar somente em pesquisas amostrais regulares do instituto.

Novas perguntas

O Censo terá três perguntas novas em 2022. Duas delas são sobre grupos quilombolas e estão presentes nos dois questionários.

As perguntas são as seguintes: "Você se considera quilombola?" e, em caso de resposta positiva, "Qual o nome da sua comunidade?".

A outra novidade envolve autismo e aparece somente no questionário da amostra. A questão é: "Já foi diagnosticado(a) com autismo por algum profissional de saúde?".

Respostas presenciais, por telefone ou internet

A partir de 1º de agosto, em torno de 183 mil recenseadores devem ir até aos domicílios espalhados pelo país com o objetivo de realizar as entrevistas presenciais.

Porém, caso os moradores não queiram preencher os questionários dessa forma, poderão responder por telefone ou pela internet.

Segundo o IBGE, se os agentes não consigam aplicar as entrevistas na primeira ida aos domicílios, eles poderão fazer mais quatro revisitas aos mesmos endereços para tentar localizar os responsáveis.

Uma das possibilidades é agendar as entrevistas presenciais ou por telefone para horários ou turnos mais considerados mais adequados.

Em caso de escolha pela internet, os recenseadores irão cadastrar os emails e celulares (para recebimento de SMS) dos respondentes.

Segundo o instituto, tokens de acesso aos questionários serão enviados. Na internet, o prazo para fornecer as respostas será de sete dias.

Sem orientação sexual

O Censo virou tema de disputa judicial nas últimas semanas. O motivo foi a ausência de perguntas sobre orientação sexual e identidade de gênero.

Uma decisão liminar da Justiça Federal do Acre havia determinado no dia 3 de junho a inclusão desses campos, após acolher pedido do MPF (Ministério Público Federal).

O IBGE, por sua vez, ingressou com recurso contra a liminar e conseguiu a suspensão da medida na sexta-feira (24).

O instituto argumentou que, às vésperas do início do Censo, não haveria tempo hábil tampouco recursos suficientes para a inclusão das perguntas.

O órgão também argumentou que a metodologia do levantamento não seria a mais adequada para tratar de orientação sexual e identidade de gênero.

Segundo o IBGE, esse tipo de análise está previsto em outras pesquisas. Após o início da polêmica, o órgão divulgou em maio um levantamento inédito sobre orientação sexual.

De acordo com esse estudo, 94,8% das pessoas de 18 anos ou mais no país se declaram heterossexuais. Entre os entrevistados, 1,8% se disse homossexual (1,13%) ou bissexual (0,69%).

A pesquisa, porém, foi vista por especialistas como frágil por ignorar a sexualidade de pessoas transgênero e promover um reforço simbólico da heterossexualidade como padrão.

Importância do Censo e divulgação dos resultados

​Os dados do Censo funcionam como base para uma série de políticas públicas e decisões de investimento de empresas. O IBGE prevê divulgar os resultados preliminares de 2022 nos meses de novembro e dezembro.

As informações balizam, por exemplo, os repasses do FPM (Fundo de Participação dos Municípios), fonte de recursos para as prefeituras.​

Com a onda de insegurança na Amazônia, o IBGE solicitou apoio de órgãos como a PF (Polícia Federal) e a PRF (Polícia Rodoviária Federal) para realizar as operações censitárias na região Norte, indicou o presidente do instituto, Eduardo Rios Neto.

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