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Com afundamento e alerta de risco, Expresso Tiradentes, em SP, será reformado

Edital diz é 'imprescindível que os serviços em corredor de ônibus sejam executados o mais rápido possível'; segundo SPTrans, documento foi redigido de forma equivocada

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São Paulo

A SPTrans, estatal que controla o transporte público municipal na cidade de São Paulo, abriu licitação para contratar uma empresa para desenvolver estudos de obras estruturais no Expresso Tiradentes, corredor de ônibus sobre pistas e viadutos, desde o centro até um terminal na zona leste (Vila Prudente) e outro na zona sul (Sacomã).

Segundo edital, publicado na última quinta-feira (16) no Diário Oficial da Cidade de São Paulo, no trecho entre a estação Metrô Pedro 2º e o complexo viário Evaristo Comolatti está ocorrendo afundamento do pavimento, problema que no decorrer dos anos vem se agravando, conforme o documento.

Trecho do Expresso Tiradentes, na região central de São Paulo, que deverá passar por obras; segundo SPTrans, pavimento está afundando - Zanone Fraissat/Folhapress

O edital diz ainda que pela complexidade dos serviços, que exigem elevado grau de conhecimento técnico e em função da necessidade de solução, "é imprescindível que os serviços sejam executados o mais rápido possível, devido a constantes riscos a que estão sendo submetidos os usuários do corredor".

Em nota, a SPTrans afirma que o termo de referência publicado na quinta-feira foi redigido de forma equivocada "já que deveria indicar que a contratação se justifica para evitar riscos no futuro". A empresa pede desculpas à população e afirma que o documento será corrigido.

O edital continua com o mesmo alerta no site da empresa. A SPTrans, entretanto, publicou no Diário Oficial desta terça (21) uma alteração para colocar a palavra futuro no texto sobre os riscos.

"Não há riscos aos passageiros. Como o próprio edital diz, em suas justificativas, a empresa que for contratada deverá realizar levantamento da situação do local para averiguação dos eventuais problemas existentes", afirma a estatal.

Questionada, a SPTrans não informou a estimativa do valor a ser gasto com o projeto.

Segundo o documento, de quase 100 páginas, cerca de 80 metros do pavimento no sentido centro foram refeitos. "Mas, tendo em vista o agravamento das condições do pavimento do entrono, muros e contenções e demais componentes estruturais presentes no corredor, requer que ações sejam tomadas para evitar-se acidentes, visto que o local é de grande circulação de ônibus", diz.

O edital ainda afirma que pela avenida do Estado, nas proximidades da margem esquerda do rio Tamanduateí, estão situadas varias redes de drenagem e de diversas concessionárias, dentre as principais, um emissário de esgotos e uma linha de alta tensão, "das quais se desconhece as profundidades e situação de integridade das respectivas estruturas".

De acordo com o documento, o eixo sudeste do Expresso Tiradentes, que liga o centro ao terminal Sacomã, tem uma extensão aproximada de 9,7 km. Os ônibus, que rodam a uma velocidade média de 47,6 km/h e transportam em média 93 mil passageiros em dias úteis.

A SPTrans diz que o edital além da realização dos estudos, a empresa contratada também irá realizar obras para dar maior durabilidade ao pavimento, prolongando sua vida útil.

Segundo a estatal, a empresa contratada terá seis meses para apresentar um cronograma de desenvolvimento dos serviços. Os envelopes com as propostas serão abertos em 23 de agosto.

Histórico

Esta não é a primeira vez que há o registro de afundamento no Expresso Tiradentes. Em fevereiro de 2018, um trecho de aproximadamente 300 metros —entre a rua Dona Ana Néri e o Terminal Parque Dom Pedro 2º, no sentido centro— afundou 20 centímetros e precisou ser interditado.

O primeiro trecho do antigo Fura-Fila, como o expresso foi chamado no início, acabou entregue em 1998, ainda em período de testes, durante o governo de Celso Pitta (1997-2000).

Tecnicamente, especialistas classificam o Fura-Fila como o único BRT (sigla em inglês para sistema rápido de ônibus) paulistano, modelo que fica entre um corredor de ônibus comum e um metrô, em sua qualidade de serviço e capacidade de passageiros.

Em 1996, ao fim da gestão de Paulo Maluf (PP), a prefeitura estudava uma nova rede que pudesse transportar mais pessoas do que um sistema de ônibus comum e começou a saga da obra, que foi passando pelas mãos de quatro prefeitos.

Marta Suplicy (2001 a 2005) então no PT, chegou a chamar o empreendimento de desgraceira, devido ao alto custo e à baixa efetividade para sanar o caos no transporte público.

O projeto trocou de nome duas vezes e foi inaugurado da forma como está agora em 2007, na gestão Gilberto Kassab (então do DEM), como Expresso Tiradentes. Ao todo, o projeto consumiu R$ 1,2 bilhão.

O início do projeto previsa uso de trólebus biarticulados, mas ônibus comuns, a diesel, é que rodam no corredor.

Em 2006, a gestão Kassab prometeu que o Fura-Fila chegaria a Cidade Tiradentes. Mas, em 2009, a ideia foi cancelada, já que o Metrô anunciou o monotrilho da linha 15-prata, que percorreria o mesmo trajeto.

Atualmente, o expresso conta com três terminais, seis estações e uma parada.

Erramos: o texto foi alterado

Diferentemente do que informava a legenda de uma das fotos em versão anterior deste texto, o nome do corredor de ônibus é Expresso Tiradentes, e não Expresso Bandeirantes

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