Greve de ônibus chega ao fim em São Paulo nesta terça (14)

Após Ministério Público declarar que a greve e o pedido do SindMotoristas são legítimos, sindicato patronal aceita reivindicações

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São Paulo

Após quase 16 horas de paralisação dos motoristas e cobradores de ônibus do município de São Paulo, a greve chegou ao fim às 15h20 desta terça-feira (14), após o SPUrbanuss, o sindicato patronal, anunciar que aceita as principais reivindicações da categoria.

"O sindicato patronal aceitou a reivindicação dos motoristas e cobradores e ônibus para o pagamento do aumento de 12,47% nos salários seja retroativo a maio. Os ônibus devem voltar a circular nas ruas e avenidas de São Paulo ainda no fim da tarde desta terça-feira. A Prefeitura destina subsídios para cobrir os custos do transporte de passageiros, já que na cesta de itens, que formam o cálculo da remuneração das empresas pelos serviços prestados, está a mão-de-obra", diz a nota do SPUrbanuss.

Imagem geral do terminal Santo Amaro, na zona sul, vazio durante a greve desta terça-feira
Imagem geral do terminal Santo Amaro, na zona sul, vazio durante a greve desta terça-feira - Rivaldo Gomes/Folhapress

A decisão do representante das empresas foi tomada depois que o Ministério Público do Trabalho de São Paulo (MPT) se manifestou a favor dos manifestantes, declarando que a greve é legal. No entanto, o órgão fez uma ressalva no final quanto à obediência da liminar concedida pela Justiça do Trabalho, no último dia 31, na qual determina a manutenção de 80% da frota.

"No particular, a reivindicação dos suscitados merece prosperar. A postergação do reajuste salarial para outubro/2022 implicaria em transferir aos trabalhadores os ônus/riscos do negócio e em irreversível perda de poder aquisitivo dos salários, ante o quadro inflacionário que assola a economia", disse o MPT no parecer. "No entanto, caso comprovado o descumprimento da liminar, o MPT opina pela ilegalidade da greve, mantido o acolhimento parcial das reivindicações", finalizou.

Em seguida, a Prefeitura de São Paulo também anunciou o fim da paralisação.

"A Prefeitura de São Paulo, por meio da SPTrans, informa que a paralisação de linhas de ônibus municipais foi encerrada às 15h20 desta terça-feira (14), após negociação entre trabalhadores e empresários. O atendimento nas 713 linhas paralisadas está sendo retomado de forma gradativa e deverá se normalizar até o fim do dia. A SPTrans monitora o retorno da frota da cidade para minimizar os impactos na população."

O acordo, firmado em uma reunião de representantes dos sindicatos com a mediação do vereador Milton Leite, foi comemorado pelo presidente do SindMotoristas, Valmir Santana da Paz, o Sorriso. "Os trabalhadores mostraram sua determinação e força junto ao sindicato. Com o reajuste garantido, debateremos outras questões que ainda estão pendentes como o fim do horário de almoço não remunerado, PLR e o pagamento de 100% das horas extras. Tais assuntos deverão ser debatidos em até cinco dias úteis", explicou o presidente.

Segundo a ata do encontro, a que a reportagem teve acesso, o dia não será descontado dos grevistas e as reivindicações pendentes serão discutidas nos próximos cinco dias. "Caso não haja entendimento no prazo acima citado os trabalhadores retornarão à atividade grevista", registra a ata.

A greve, iniciada à meia-noite, atingiu ao menos 6.500 ônibus de 713 linhas da capital, em 15 viações.

De acordo com a SPTrans, a greve afeta cerca de 1,5 milhão de pessoas que necessitam de ônibus na cidade. Pegos de surpresa, passageiros se aglomeraram em pontos de ônibus na tentativa de ir ao trabalho. Muitos reclamavam de falta de informação e enfrentavam coletivos lotados.

O rodízio de carros foi suspenso, e o preço dos aplicativos de transporte disparou.

Segundo o prefeito Ricardo Nunes (MDB), 100% dos ônibus estruturais, ou seja, que fazem a ligação entre bairro e centro, estavam parados na manhã desta terça. Linhas locais, que circulam entre bairros, funcionaram, segundo constatou a reportagem em duas regiões, na Casa Verde, zona norte, e em Santo Amaro, zona sul.

As negociações salariais dos trabalhadores em transporte rodoviário de São Paulo começaram em março. A proposta do SindMotoristas era um reajuste salarial de 12,47%, referente ao índice do INPC/IBGE, entre outras reivindicações, como 100% das horas extras, fim da hora de almoço não remunerada e pagamento PLR (participação nos lucros e resultados), mas não houve concordância até a tarde desta terça.

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) chegou a classificar a greve como abusiva e irresponsável, o que foi rebatido pelo SindMotoristas.

Sinalização na marginal Tietê informa aos motoristas que o rodizio foi suspenso por causa da greve
Sinalização na marginal Tietê informa aos motoristas que o rodizio foi suspenso por causa da greve - Rivaldo Gomes/Folhapress

Às 16h30, duas empresas já haviam começado a retornar à operação, segundo a SPTrans.

Empresas cuja frota está circulando gradativamente:

  • Express (Zona Leste)
  • Via Sudeste (Zona Sudeste)
  • Gatusa (Zona Sul)

Empresas com a operação paralisada em suas garagens:

  • Santa Brígida (Zona Norte)
  • Gato Preto (Zona Norte)
  • Sambaíba (Zona Norte)
  • Viação Metrópole (Zona Leste)
  • Ambiental (Zona Leste)
  • Campo Belo (Zona Sul)
  • Viação Grajaú (Zona Sul)
  • KBPX (Zona Sul)
  • MobiBrasil (Zona Sul)
  • Viação Metrópole (Zona Sul)
  • Transppass (Zona Oeste)
  • Gato Preto (Zona Oeste)

Empresas operando normalmente - Grupo Local de Distribuição

  • Norte Buss (Zona Norte)
  • Spencer (Zona Norte)
  • Transunião (Zona Leste)
  • UPBUS (Zona Leste)
  • Pêssego (Zona Leste)
  • Allibus (Zona Leste)
  • Transunião (Zona Sudeste)
  • MoveBuss (Zona Leste)
  • A2 Transportes (Zona Sul)
  • Transwolff (Zona Sul)
  • Transcap (Zona Oeste)
  • Alfa Rodobus (Zona Oeste)
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