Descrição de chapéu Obituário Claudio Zaki Dib (1934 - 2022)

Mortes: Ídolo familiar e defensor dos palestinos, dedicou mais de 50 anos à USP

Claudio Zaki Dib criou e coordenou o programa de pós-graduação em educação em física da instituição

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São Paulo

"Pra frente e pra cima" era a frase que o físico Claudio Zaki Dib repetia com frequência à esposa Dora Abreu Dib, 87. Mesmo durante os 14 anos nos quais passou por tratamento contra câncer, ele manteve o otimismo.

Terceiro de quatro filhos de um comerciante e uma dona de casa, Claudio é da primeira geração da família nascida no Brasil —os pais imigraram da cidade de Homs, hoje parte da Síria.

Aluno do Colégio Bandeirantes, um dos mais tradicionais de São Paulo, interessou-se ainda na escola por ciências, leitura e música.

Claudio Zaki Dib (1934-2022)
Claudio Zaki Dib (1934-2022) - Arquivo pessoal

Claudio concluiu a graduação em física e o doutorado na USP.

A tese do doutorado, inclusive, foi a primeira na América Latina a debater a educação em física. O conteúdo foi transformado em livro, com publicação no Brasil e no México.

A convite de Mário Schenberg (1914-1990), diretor do Departamento de Física da USP entre 1953 e 1961, Claudio tornou-se professor-assistente. Na universidade também criou e coordenou o programa de pós-graduação em educação em física, no qual atuou por 50 anos.

De 1957 a 1958, Claudio trabalhou ainda na divisão de física nuclear do Instituto de Energia Atômica em São Paulo e, aos 23 anos, participou da equipe responsável pela montagem e calibragem do reator atômico da USP.

Na década de 1960, participou de um projeto piloto da Unesco (braço da ONU para educação, ciência cultura) que apresentava novas modalidades do ensino de física.

Por 15 anos, dirigiu a área de educação do Centro Latino Americano de Física. Como professor visitante, esteve em diversas universidades da América Latina e ministrou cerca de 40 cursos sobre o tema.

Claudio também criou uma empresa de consultoria para desenvolvimento de projetos educacionais e treinamento empresarial, que existe até hoje.

Fez parte das diretorias do Clube Homs, da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira e da Fearab (Federação das Entidades Árabes Brasileiras) Brasil.

Defensor dos palestinos, Claudio sempre ensinou aos filhos a importância de defender povos oprimidos.

"Ele foi um pai maravilhoso, um ídolo para a família. Preocupou-se em dar a melhor educação, estimulou leitura e viagens", diz a historiadora e pesquisadora da imigração sírio-libanesa Heloisa Abreu Dib Julien, 62, sua filha.

Claudio Zaki Dib morreu dia 21 de maio, aos 88 anos. Deixa a esposa Dora, com quem ficou 63 anos casado, duas filhas, um genro e dois netos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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