Estátua de Carolina Maria de Jesus é inaugurada em Parelheiros

Monumento ficou cinco meses cercado por tapumes depois de mobilização para mudança no local da instalação

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Jessica Bernardo
Agência Mural

Depois de passar cinco meses cercada por tapumes, a estátua em homenagem à escritora Carolina Maria de Jesus (1914-1977), autora de "Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada", foi inaugurada nesta quinta-feira (28) pela Prefeitura de São Paulo, na praça Júlio César de Campos, em Parelheiros, na zona sul da cidade.

A inauguração contou com a presença de Vera Eunice de Jesus, filha de Carolina, e de moradores da região, além de apresentações do Cordão das Amoxtradas, grupo carnavalesco de Parelheiros, e de poetas que recitaram textos sobre a autora. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) não participou do ato.

Moradora de Parelheiros há 20 anos e uma das criadoras do Cordão, a cantora Fatel Barbosa, 63, conta que se emocionou ao ver a estátua pela primeira vez. "É uma honra muito grande ela ter vivido aqui." A escritora também morou na região durante duas décadas.

A estátua de Carolina Maria de Jesus, inaugurada nesta quinta-feira (28) em Parelheiros, zona sul de São Paulo
A estátua de Carolina Maria de Jesus, inaugurada nesta quinta-feira (28) em Parelheiros, zona sul de São Paulo - Jeniffer Estevam

Inicialmente prevista para ser instalada no parque linear de Parelheiros, a escultura teve o local alterado para a praça central do distrito depois de uma mobilização feita por munícipes e familiares da autora. O grupo reivindicou a mudança para que a estátua fosse instalada em um ponto de maior visibilidade.

"O parque linear é de pouca visualização, está atrás do CEU [Centro Educacional Unificado] Parelheiros. Ele não fica nem na avenida", afirmou Vera Eunice à Agência Mural em fevereiro deste ano.

A praça Júlio César de Campos, além de ficar em uma das principais vias de acesso ao distrito, tem relação direta com a história da escritora. "Ali nós íamos nas festas de aniversário de Parelheiros, no cinema mudo. Minha mãe me entregou o diploma do quarto ano ali", contou a filha de Carolina.

O movimento pela mudança da estátua, que ganhou o nome de "Carolina na sala de visitas", reuniu mais de 2.000 assinaturas online e teve o apoio de nomes como o ativista e professor Douglas Belchior, a atriz Drica Moraes e a poeta Maria Vilani.

Depois da mobilização, a prefeitura chegou a instalar a estátua no parque, mas deixou o monumento cercado por tapumes enquanto a mudança para a praça era viabilizada.

Para Fatel, que fez parte do movimento, a inauguração da escultura no novo local dá à Carolina a visibilidade que a autora merece. "Ela precisava realmente estar na sala de visitas para que todo mundo que passe na praça de Parelheiros tenha a oportunidade de vê-la", afirma.

A homenagem faz parte de uma lista de cinco esculturas de personalidades negras encomendadas pela administração municipal em agosto de 2021. As obras foram anunciadas depois que o incêndio na estátua do bandeirante Borba Gato, em Santo Amaro, também na zona sul, intensificou os debates sobre a falta de monumentos de pessoas negras na cidade.

As outras esculturas, que já foram instaladas, homenageiam o cantor Itamar Assumpção, a sambista Deolinda Madre, conhecida como Madrinha Eunice, o compositor Geraldo Filme e o atleta Adhemar Ferreira da Silva.

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