Descrição de chapéu Obituário Olyntho Ziviani (1927 - 2022)

Mortes: Superou as adversidades com bom humor para criar nove filhos

Olyntho Ziviani teve de se aposentar cedo por causa de um acidente de trabalho, mas isso não o impediu de educar e formar sua grande família

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São Paulo

O bom humor e as pessoas queridas, algumas de suas principais virtudes, ajudaram Olyntho Ziviani a superar as adversidades enfrentadas ao longo da vida.

Filho de agricultor, deixou a escola ainda criança, logo após aprender a ler e a escrever, para trabalhar na fazenda da família em Bragança Paulista (a 85 km de SP).

Na roça, cresceu, casou-se com Maria de Camargo e teve cinco filhos. Um problema familiar, porém, fez o pai vender a propriedade rural. Assim, chegava a hora de trocar a terra pela cidade.

Olyntho Ziviani e a mulher Maria de Camargo Ziviani, na casa da família em Campo Limpo Paulista (SP) - Arquivo pessoal

Ziviani conseguiu emprego em uma metalúrgica multinacional que havia se instalado em Campo Limpo Paulista (a 53 km de SP) e para lá se mudou com a mulher e os cinco filhos.

Um acidente de trabalho, entretanto, acabou precocemente com a carreira de metalúrgico. Após uma cirurgia na coluna, precisou se aposentar por invalidez quando ainda tinha cerca de 30 anos de idade, segundo a filha Nádia Aparecida Ziviani Anjoletto, 56.

Nasceram mais quatro filhos e Ziviani passou a fazer bicos para completar o dinheiro da aposentadoria e criar a família.

Primeiro, começou a cortar cabelos na sala de casa. Depois, realizou serviços de pedreiro que não fossem pesados, por causa do problema na coluna. E também ajudava Maria a lavar roupas para fora.

Ziviani também sempre cuidou de suas paixões. Uma delas era jogar truco com os amigos nos fins de semana, quando a mulher fazia frango com polenta.

Também gostava de pescar nos rios da região e na represa de Nazaré Paulista, próxima dali.

Com a turma de vara e anzol, chegou a alugar uma Kombi para ir a pescarias em Mato Grosso.

Fã de Sílvio Santos, o aparelho de televisão de casa era dele aos domingos, por causa do programa do apresentador famoso.

A TV, aliás, começou a exibir outros jogos de futebol quando Ziviani surpreendeu a família de corintianos para dizer que sempre foi palmeirense, só nunca havia falado. "Ficamos de boca aberta", brinca a filha Nádia.

Em 2005 foi convencido a passar os dias na chácara de um sobrinho. Era uma maneira de tentar recuperar parte do ânimo que havia perdido com a morte de uma de suas filhas, Maria Rosa, um ano antes.

Assim, sua rotina durante quase uma década foi acordar cedo, ligar o rádio no programa de Zé Béttio para ouvir música caipira enquanto se preparava para descer o ladeirão da rua de casa e pegar o ônibus para a chácara. Na volta, no fim da tarde, distribuía frutas e verduras que havia colhido entre os passageiros.

Entre 2018 e 2020, Ziviani ainda perdeu mais duas filhas e a eterna companheira. O velho coração, que já batia impulsionado por um marca-passo desde 2010, acabou não suportando.

Olyntho Ziviani morreu no último dia 9 de outubro, aos 95 anos, por causa de problemas cardíacos. Deixou seis filhos, 15 netos, 16 bisnetos e Maria Clara, a tataraneta de 3 anos, para quem fica a lição de superar as adversidades com bom humor.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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