Descrição de chapéu Obituário Shunji Nassuno (1926 - 2022)

Mortes: Perito, atuou em casos que marcaram São Paulo

O trabalho minucioso e imparcial acompanhou Shunji Nassuno na criminalística e no judiciário do estado

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Curitiba

O engenheiro Shunji Nassuno foi perito criminal em São Paulo e perito judicial no estado por 40 anos, tornando-se referência pelo trabalho minucioso e imparcial, baseado na coleta de provas e na dedicação pela profissão.

Ele foi perito do Instituto de Criminalística da Polícia Científica de São Paulo e atuou na investigação de casos que marcaram a história do estado, como o incêndio do edifício Joelma, em 1974, e os desdobramentos da queda do avião da Transbrasil, em 1989.

Como perito forense participou das avaliações envolvendo as construções do aeroporto de Cumbica, do Metrô de São Paulo, do Rodoanel, da Água Espraiada e na constituição da Estação Ecológica de Jureia-Itatins.

Nassuno foi perito criminal e forense em São Paulo por quatro décadas - Arquivo Pessoal

Deixou a marca de ser íntegro e justo, sempre buscando o seu melhor, conta o arquiteto e engenheiro, amigo de décadas, Antonio Nishi, 63, que começou a trabalhar com Nassuno ainda na adolescência. "Ele foi minha inspiração, meu mestre", disse.

O amigo estima que Nassuno assinou cerca de 8.000 laudos periciais, tanto criminais quanto judiciais.

Nassuno integrou diversas comissões de peritos forenses do Cajufa (Centro de Apoio aos Juízes da Fazenda Pública), nas quais foram definidos padrões e critérios de avaliações periciais utilizados até hoje para desapropriações de grandes áreas, aponta Nishi.

Ele conta que o trabalho de Nassuno era tão bom que muitos dos acordos para desapropriações em que ele atuou eram definidos sem a necessidade de ações judiciais. "Ele era um dos mais experientes das comissões, ouvido por todos, muito respeitado pela sua bagagem profissional."

Filho de imigrantes japoneses, nascido em Iguape (SP) em 1926, precisou aprender cedo a administrar a fazenda de bananas da família. De lá, carregou a determinação e o amor pela natureza, como lembra a filha, Marianne Nassuno. "Ele foi um pai reservado, que ensinou pelo exemplo o valor do estudo, do trabalho e da perseverança", disse.

A esposa, Shizuka Nassuno, afirmou que, quando houve o incêndio no Joelma, ele ficou noites em claro até chegar ao laudo final, que apontou problemas na rede elétrica.

Nas horas vagas, ele gostava de pescar ao lado da esposa, com quem conviveu por 62 anos. "Ele era contido em suas emoções, mas muito trabalhador, disposto e inteligente."

Shunji Nassuno morreu dia 6, aos 95 anos, de causas naturais. Deixa a esposa Shizuka e as filhas Cristina e Marianne.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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