O engenheiro Claudio Demaria abdicou de parte da vida na Itália para contar alguns capítulos da indústria automobilística no Brasil. Ele começou a trabalhar na Fiat em 1973. Foram duas passagens pelo país, na filial brasileira: de 2005 a 2008 e entre 2011 e 2018.
Dema, como era carinhosamente chamado pelos colegas, chefiou o desenvolvimento de modelos ícones da Fiat —Punto, Panda, Fiat 500, 500 L, Palio, Uno, Strada, Doblò e Ducato, além de outros consagrados como Fiat Argo, Cronos e Toro.
A Fiat tornou-se Fiat Chrysler Automóveis (FCA) em 2014. Em janeiro de 2021, passou a denominar-se Stellantis, a partir da fusão da FCA com o grupo PSA, e formou um conglomerado de 14 marcas, entre as quais Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën, Ram, Abarth, Opel e DS, que são comercializadas na América do Sul.
Marcio Tonani, vice-presidente sênior dos Centros Técnicos de Engenharia da Stellantis para a América do Sul, conheceu Dema em Turim, em meados de 1996, para o desenvolvimento do primeiro Fiat Strada. Os dois conviveram por 25 anos, considerando as idas e vindas do engenheiro ao Brasil.
"Ele era muito humano, de fácil trato e disponível para ajudar. Um cara que sempre foi aberto a entregar o conhecimento que adquiriu para outras pessoas em prol do melhor a ser feito. Criou competências técnicas e pessoais transformadoras", afirma.
O legado de Dema vai além dos carros que projetou. Era um homem apaixonado pelo trabalho, correto, ético e de valor, segundo Márcia Regina Caetano Marcelino, assistente business da Stellantis. O laço de amizade perdurou mesmo após o retorno do engenheiro para a Itália.
"Estive com ele até o último momento. O último dia que conversamos foi 19 de outubro. Parecia que nós já nos conhecíamos de outras vidas, porque a afinidade e sincronicidade fluíam. Ele deixou um grande vazio. Era muito querido e tratava todas as pessoas da mesma forma. Também, por isso, era respeitado mundialmente", diz Márcia.
Mesmo na época em que ficou distante da família, Dema falava diariamente com a esposa, a filha e os dois netos, que eram sua paixão. O engenheiro estava com câncer. Ele morreu dia 22 de outubro, aos 68 anos.
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