Descrição de chapéu Obituário Friedrich Ewald Renger (1938 - 2022)

Mortes: Pesquisador alemão foi referência em geologia no Brasil

Friedrich Ewald Renger ganhou uma bolsa para pesquisa em Minas Gerais durante seu doutorado e acabou fazendo carreira no Brasil

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São Paulo

O alemão Friedrich Renger deixou sua história escrita em pedra e isso não necessariamente é uma figura de linguagem.

Referência na pesquisa geológica no país ao longo de 50 anos e graduado em geologia pela Universidade Livre de Berlim, ele chegou a Minas Gerais ainda jovem, após ganhar uma bolsa durante seu doutorado na Alemanha para estudar diamantes na região da Serra do Espinhaço. Isso mudaria sua vida para sempre.

Renger voltaria para concluir o curso em seu país. Em Berlim, casou-se no civil com a brasileira Elisabeth Christina, a Tisa, funcionária da Varig em Frankfurt, que havia conhecido no Rio de Janeiro, nos seus tempos de estudante. E logo depois voariam para ficar de vez no Brasil, onde se casaram no religioso.

O alemão Friedrich Renger, professor aposentado do Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais, morreu no último dia 28 de outubro aos 84 anos - Arquivo pessoal

A paixão pela geologia e as boas ofertas de trabalho levaram Renger a conhecer profundamente o Brasil. E como diz sua mulher, ele não via nenhum problema em se deslocar no lombo de uma mula.

Com um grupo de pesquisadores alemães, fundou o Instituto Eschwege, em Diamantina (MG), centro de estudo em geologia que, em 2001, foi transformado em Instituto Casa da Glória, integrada à UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

A ligação do pesquisador alemão com a instituição de ensino superior mineira existe desde que ele chegou ao Brasil. Mas só aceitaria um convite para ser professor do Instituto de Geociências da UFMG depois de consolidar uma bem-sucedida carreira na iniciativa privada.

Como empregado de uma empresa holandesa, fez pesquisas no sul da Bahia e na Paraíba. Já em uma companhia paulista, morou em Currais Novos, no Rio Grande do Norte, e a cargo de uma companhia americana, participou de viagens científicas para a Bolívia e prospectou ouro em Minas Gerais. Ainda trabalhou no Rio de Janeiro.

Mas a vocação acadêmica voltava a ganhar força. Até que finalmente se tornou professor da UFMG, na qual se aposentou.

Em um texto sobre o alemão no site da Federal de Minas, a professora Lydia Lobato, do IGC (Instituto de Geociências), disse que Renger foi um raríssimo exemplo de profissional que chegou à universidade vindo da indústria. "Usou sua experiência extraordinária para ensinar tópicos como a prospecção mineral."

Segundo a UFMG, a atuação do alemão concentrou-se em geologia regional, história da geologia e mineração de ouro e diamante, patrimônio geológico, geoconservação e geoturismo.

"Integrou os conselhos editoriais da revista Geonomos, da Coleção Mineiriana da FJP e da Revista Brasileira de Cartografia", afirma a universidade, em seu site.

"Não era um aventureiro, mas um apaixonado pelo interior, pelas discussões com cientistas", afirma Tisa.

Querido pelos alunos, era também meticuloso com eles. "Quando ia corrigir provas, dizia que havia 'pica-fumo' que não sabia escrever em português", afirma Tisa, 81, sobre como como o marido havia se adaptado bem à sua nova língua.

Com as quatro filhas e netos morando no exterior, o casal Renger se mudou para uma casa de repouso em São José da Lapa (MG), em fevereiro deste ano. Mas em meados de julho, ele precisou ser internado por causa de uma diverticulite.

Friedrich Ewald Renger morreu no último dia 28 de outubro, aos 84 anos. Deixou a mulher Elisabeth, quatro filhas e cinco netos. Além inúmeros livros e artigos sobre geologia e cartografia.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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