Uma mulher de 36 anos morreu após dar um tiro contra a própria cabeça, em Araras (a 168 km de São Paulo), quando tentava fazer uma selfie com a arma de um homem com registro de CAC (sigla para caçador, atirador colecionador).
Ela se feriu por volta das 4h30 de domingo (20) e morreu, segundo a polícia, na madrugada desta segunda-feira (21), em um hospital da região, cujo nome não foi informado.
A reportagem apurou que Eva Cristina Dias estava com o amigo Felipe Teodoro Gomes, 30, residente da cidade de Rio Claro, que havia dado carona à mulher, até a porta da casa dela, onde o caso ocorreu.
Gomes foi procurado, via mensagem de texto, na tarde desta segunda (21), para comentar o caso ou indicar um advogado de defesa.
Também por mensagem, ele afirmou que não iria se manifestar, alegando que "vocês [da Folha] não são imparcial [sic], são de esquerda" e que seu depoimento "já tá na delegacia".
Quando chegaram em frente à casa de Eva, no bairro Jardim José Ometto, a mulher pediu para tirar uma foto empunhando a arma de Gomes, que conta com registro de CAC. O porte de arma concedido pelo Exército ao CAC permite o transporte apenas no trajeto de casa, ou local de guarda, até onde o atirador treina, como clube de tiro.
No momento em que ela se preparava para fazer a selfie, a pistola calibre 9 mm disparou, atingindo-a na cabeça. Segundo a Polícia Civil, Eva foi encaminhada, em estado grave, a um pronto-socorro da região, onde permaneceu internada até a madrugada desta segunda, quando morreu.
Gomes apresentou à polícia seu registro de CAC, além de mostrar a documentação da pistola, por meio da qual foi constatado que ele não tinha permissão para portá-la.
A arma, com 11 munições íntegras, foi apreendida para que a Polícia Civil avalie o que teria feito a pistola disparar acidentalmente.
Por causa disso, Gomes foi preso em flagrante por porte ilegal de arma de fogo. Ele pagou uma fiança de R$ 3.000 e agora responde ao caso em liberdade.
Além de ser indiciado por porte ilegal de arma, a polícia atribuiu a Gomes os crimes de lesão corporal e homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
No país, o número de armas de fogo nas mãos dos CACs chegou a 1 milhão em julho deste ano. Essas categorias têm sido as mais beneficiadas por normas editadas na gestão Jair Bolsonaro (PL) que facilitaram o armamento da população.
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