Funcionário morre durante tumulto na Fundação Casa em Guarujá (SP)

Sete internos fugiram na noite deste domingo (11); corregedoria investiga o caso

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São Paulo

Um funcionário da Fundação Casa morreu na noite deste domingo (11) durante um tumulto e fuga de sete adolescentes do Centro de Internação Provisória de Guarujá, no litoral paulista.

A morte do servidor foi confirmada pela fundação. Em nota, a instituição disse que a Corregedoria-Geral abriu sindicância para apurar o que aconteceu e que presta solidariedade aos familiares da vítima. A Polícia Civil também investiga o caso.

A vítima foi identificada como Evaldo Gomes de Souza, 45, segundo o Sitsesp (Sindicato da Socioeducação de SP).

A imagem mostra um grande muro cinza com algumas janelas
Lado externo da Fundação Casa em Guarujá - Reprodução/Google Street View

A SSP (Secretaria de Segurança Pública) afirmou na tarde desta segunda-feira (12) que um adolescente de 17 anos foi apreendido por suspeita de participação no crime. Ele foi um dos que conseguiram escapar da unidade. O jovem foi localizado pela Polícia Militar em uma área de mata que da acesso à comunidade do Caranguejo.

Segundo a versão dos PMs que estiveram na Fundação da Casa, Souza e um outro agente, que também ficou ferido, foram esganados pelos internos. A dupla teve os pés e mãos amarrados.

Quando os policiais chegaram ao local, Souza estava infartando. Socorristas foram acionados e um médico do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) constatou a morte dele no local.

No momento do motim, apenas a vítima e o outro agente cuidavam dos dez internos. Um outro funcionário está em férias.

Conforme o sobrevivente, ele e Souza receberam uma gravata. O homem reconheceu o jovem apreendido como o autor do golpe contra seu companheiro de trabalho.

Na delegacia, no entanto, o adolescente negou que tenha aplicado o golpe. Segundo sua versão, foram outros internos, que conseguiram fugir, os responsáveis pelo estrangulamento. O apreendido alegou ter apenas segurado a vítima.

Ele ainda afirmou que a fuga ocorreu após os ânimos ficarem alterados.

De acordo com o boletim de ocorrência, todos os internos que participaram da ação têm 17 anos.

A fuga dos sete adolescentes foi informada ao Judiciário e aos familiares.

Em nota, o sindicato disse que, no momento do crime, estavam no local apenas a vítima e outro agente, que respondia como coordenador no plantão —ele também foi agredido pelos internos.

Conforme a entidade, dez adolescentes estavam presentes no dormitório em que houve a confusão, mas três deles não teriam se envolvido no episódio.

Segundo o Sitsesp, na última quarta-feira (7), houve tumulto em uma unidade de Guarulhos, na Grande São Paulo.

"O fato está se tornando rotineiro na sucateada gestão da Fundação Casa", diz nota do sindicato publicada em uma rede social.

O tumulto na unidade de Guarulhos teria durado cerca de três horas. De acordo com o sindicato, um grupo de adolescentes destruiu materiais pedagógicos, TVs, tablets, cadeiras e câmeras.

A Fundação Casa nega que tenha ocorrido o caso em Guarulhos.

No ano passado, sob o argumento de racionalizar o uso dos recursos públicos e reduzir a quantidade de adolescentes internados, a fundação anunciou a suspensão do atendimento em 23 centros socioeducativos espalhados por todo o estado.

A morte no litoral foi a segunda entre funcionários registrada neste ano na Fundação Casa.

Em março, Arnaldo Campos Garcia, 63, foi espancado por internos enquanto trabalhava no Complexo Raposo Tavares, na zona oeste da capital paulista.

Ele chegou a ser levado para o Hospital das Clínicas, mas morreu na manhã do dia 30 de abril.

Conforme registro de boletim de ocorrência, o agente de apoio socioeducativo recebeu chutes, socos e cusparadas, além de um golpe na região do pescoço, que o deixou inconsciente.

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