Obituário Ageu Dinarte Vieira (1943 - 2023)

Mortes: Confeiteiro, usava a doçura no trato com as pessoas

Ageu Dinarte trabalhou na produção de bolos e doces durante a maior parte de sua trajetória profissional

Patrícia Pasquini

São Paulo

Além da arte da confeitaria, a vida proporcionou outros ensinamentos a Ageu Dinarte Vieira. Natural do Paraná, percebeu a importância do trabalho ao perder o pai aos cinco anos.

Mesmo criança, acompanhava a mãe na roça. Em vez das brincadeiras infantis, dividia seu tempo entre ajudá-la e o cuidado com os dois irmãos mais novos.

Mais tarde, de engraxate a atendente de lanchonete, Ageu teve outros empregos. Com cerca de 15 anos, começou a vender livros. Aos 20 e poucos, mudou-se para São Paulo, e logo em seguida buscou a mãe e o irmão. Estabeleceu-se no bairro da Mooca, na zona leste da capital.

Atuou como confeiteiro no Di Cunto por muitos anos. Ageu passou, ainda, por outra confeitaria. Teve a própria doceria entre 1988 e 1996 e fez bolos e doces em casa, para a venda. Foi dono de bar de 1998 a meados de 2003, trabalhou mais alguns anos em comércio e se aposentou, em 2013.

Extrovertido e pacífico, pregou o respeito e a igualdade, a empatia e a importância de saber conviver em sociedade. Usava doçura e gentileza para tratar as pessoas. Palmeirense, Ageu era um entusiasta do esporte e amante do futebol.

"Graças a ele, os mais diversos temas viravam curiosidade e me motivavam a ir atrás de mais conhecimento sobre os assuntos abordados nas diferentes conversas de bar e de casa. Mesmo em meio às dificuldades, ele sempre dava um jeito de não deixar que qualquer desvio retirasse do caminho a leitura, a música e o esporte", conta o jornalista Alex Dinarte, 38, seu filho.

Ageu partiu dia 6 de janeiro, aos 79 anos, por complicações de uma infecção urinária. Deixa a mulher, Maria Aparecida, o filho e muitos amigos.

"Essa é a maior virtude que meu pai me ensinou. A maneira de tratar as pessoas com respeito de verdade. E não só dizer que respeita da boca para fora. Além disso, a facilidade de cativar boas amizades, sem se preocupar com o que vem em troca. São experiências de vida para a própria trajetória de nossas vidas", finaliza o filho.