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Pedofilia: Imagens de vítimas de violência sexual explodiram na internet após lockdowns, diz estudo

Vídeos e imagens de abuso infantil gravados pelas próprias vítimas agora representam dois terços das imagens investigadas por analistas

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Joe Tidy
BBC News Brasil

Imagens de crianças vítimas de violência sexual aumentaram mais de dez vezes desde que as medidas de isolamento foram aplicadas na pandemia, segundo novo levantamento.

A IWF (Internet Watch Foundation) diz que seus dados revelam como os predadores se aproveitaram da situação - os sites de mídia social explodiram em popularidade no início de 2020, quando a pandemia começou.

Criança com blusa amarela com desenhos pretos, usando um computador sozinha
Organização alerta para casos de imagens de crianças filmando a si mesmas na câmera enquanto são coagidas por um predador na internet - Getty Images

No ano passado, a IWF registrou mais de 63 mil páginas mostrando vídeos e imagens de abuso infantil, em comparação com 5 mil antes da pandemia. Isso se refere a imagens de crianças filmando a si mesmas na câmera enquanto são coagidas por um predador na internet.

"Durante a pandemia, a internet foi uma tábua de salvação, mas só agora estamos desvendando todos os efeitos", disse a presidente da IWF, Susie Hargreaves. "O que está claro para nós é que as crianças mais novas estão sendo levadas a situações abusivas por predadores vorazes, muitas vezes enquanto elas estão em seus próprios quartos."

A IWF rastreia, investiga e tenta remover centenas de milhares de exemplares de material de abuso sexual infantil de toda a internet.

A instituição diz estar confiante de que o aumento detectado de imagens é um reflexo do crescimento desse tipo de atividade, porque os níveis identificados em seus relatórios permaneceram relativamente semelhantes nos anos anteriores.

Vídeos e imagens de abuso infantil gravados pelas próprias vítimas agora representam dois terços das imagens investigadas por analistas.

Os pesquisadores dizem que muitos dos vídeos são gravados ou transmitidos ao vivo de quartos ou banheiros, com sons de uma casa movimentada ao fundo. Eles geralmente são feitos em um chat ao vivo e gravados sem o conhecimento da criança para serem compartilhados e vendidos por pedófilos.

A IWF é uma organização sediada no Reino Unido e diz que muitas vezes é difícil determinar, pelos vídeos, onde as crianças moram. No entanto, a organização diz que repassa os casos às autoridades se um uniforme escolar ou outros sinais estiverem visíveis.

Das imagens, que a instituição de caridade estima serem de crianças de 7 a 10 anos de idade, mais de 8 mil itens continham o que é classificado como material de categoria A. Este é o tipo mais grave e pode incluir atividade sexual com penetração, imagens envolvendo atividade sexual com um animal ou sadismo.

Em um vídeo visto por analistas da IWF, uma menina de 9 anos é chamada por adultos em uma plataforma online a realizar atos sexuais enquanto está em seu quarto cercada por brinquedos fofinhos.

Ela é chamada a realizar desafios "super sujos" por uma webcam e é interrompida quando um suposto membro da família, alheio ao abuso que está ocorrendo, liga para pedir que ela prepare um banho para seu (suposto) irmão mais novo.

A IWF está em contato com o governo do Reino Unido, mas diz que o material analisado vem de todo o mundo e a maior parte não está hospedada no Reino Unido.

No Brasil, especialistas alertaram sobre os riscos de aumento de violência contra crianças durante o confinamento.

Quem perceber alguma atitude suspeita de violência contra a criança no Brasil deve fazer uma denúncia pelo Disque 100 (com funcionamento 24h, inclusive nos finais de semana e feriados) ou acionar diretamente a polícia pelo 190.

Este texto foi publicado originalmente aqui.

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