Descrição de chapéu Cracolândia

Ação da polícia na cracolândia mantém modelo semelhante ao da gestão anterior

Operação Resgate substitui a Caronte; dependentes deixam de ser levados para delegacia

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São Paulo

A Polícia Civil batizou de Operação Resgate as ações a serem realizadas pela gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) na cracolândia.

A nova denominação enterra de vez a Operação Caronte, realizada pela mesma Polícia Civil entre junho de 2021 e dezembro de 2022. Essa ação resultou em cerca de 200 presos por tráfico e em mil pessoas qualificadas em termos circunstanciados de ocorrência por uso de drogas em via pública.

Por mais que o nome tenha sido alterado, as ações da Operação Regaste têm aspectos idênticos a sua irmã mais velha.

Assim como a Caronte, idealizada pelo delegado Roberto Monteiro, a Resgate conta com a presença de policiais civis e guardas-civis metropolitanos, mas não há participação da Polícia Militar.

Policial civil caminha com taco de beisebol durante ação na cracolândia
Policial civil caminha com taco de beisebol durante ação nesta quarta-feira (15) na cracolândia que se fixou na rua dos Gusmões, no centro de São Paulo - Danilo Verpa/Folhapress

A equipe da PM mais próxima estava na rua Vitória, estacionada ali há cerca de duas semanas impedindo que usuários voltem a tomar o local.

O ingresso no fluxo também é similar entre as operações, com a Polícia Civil responsável pelo incursão por uma rua e a GCM, por outra.

As semelhanças também estão na abordagem aos usuários, com os dependentes químicos separados por gênero para a revista, além de terem seus cachimbos apreendidos.

Mas existe uma diferença. Enquanto na Caronte os policiais chegavam a levar 40 pessoas para a delegacia sob suspeita de tráfico de drogas ou uso de entorpecente em cena livre, a Resgate não tem como objetivo encaminhar dependentes para o DP.

A Folha acompanhou na tarde desta quarta-feira (15) uma das investidas da Operação Resgate, chefiada pelo delegado Arariboia Fusita Tavares.

Policiais civis chegaram pela alameda Barão de Limeira e entraram pela rua dos Gusmões, enquanto os guardas, munidos de escudos e munição não letal, partiram da rua Conselheiro Nébias, na altura da rua Vitória.

A incursão ocorreu por volta das 15h30.

Movimentação de usuários de drogas na rua dos Gusmões com a chegada da polícia
Movimentação de usuários de drogas na rua dos Gusmões, no centro de São Paulo, nesta quarta-feira (15) - Danilo Verpa/Folhapress

Houve correria. Em certo momento, usuários de drogas invadiriam um estacionamento na Conselheiro Nébias e saíram na Barão de Limeira. Foi possível notar em diversos momentos policiais e usuários conversando sem rispidez ou truculência.

Alguns usuários que permaneceram no fluxo, como é chamada a aglomeração de dependentes químicos, foram colocados na calçada de um estabelecimento fechado, e revistados. Conforme o proprietário, o último locatário entregou as chaves há dois meses, após os clientes minguarem.

O grupo que permaneceu sob a vigília policial foi liberado cerca de 30 minutos após o início da ação, quando os primeiros pingos de chuva caíram.

Assistentes sociais acompanharam a Operação Resgate em busca de atender possíveis usuários em busca de tratamento ou internação. Entretanto, segundo eles, não houve procura durante a investida da polícia.

Fusita disse que a Resgate vai se concentrar no social, já que são dependentes químicos, mas sem desviar o olhar para os pequenos traficantes que ainda atuam no perímetro.

Da porta de suas lojas, vendedores e comerciantes da rua Conselheiro Nébias acompanharam a movimentação. Eles reclamaram da redução no número de clientes, o que tem feito lojistas migrarem suas vendas para a internet.

Já os usuários reclamaram das ações constantes, chamadas pela polícia de saturação, no local. Frases como: "não devo nada para vocês", "de novo aqui", e "cadê o Lula?", puderam ser ouvidas pela reportagem.

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