Orlando brasileira, Olímpia bate recorde de turistas e impulsiona setor com novas atrações

Propostas como reviver as icônicas Noites do Terror do Playcenter na cidade paulista estão nos planos do turismo local

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Olímpia (SP)

Ancorada em seus dois parques aquáticos com águas termais, que têm condições de receber cerca de 30 mil banhistas por dia, Olímpia (a 438 km de São Paulo) criou atrativos "secos", projeta ampliações em suas estruturas e prevê até mesmo replicar no interior paulista uma atração histórica que fez sucesso no Playcenter.

Com 55 mil habitantes, a cidade conhecida como a Orlando brasileira viu o turismo deslanchar de vez em 2022 ao receber 3,5 milhões de turistas —superando os 2,9 milhões de 2019, ano pré-pandemia da Covid—e preparar novas atrações para os visitantes.

O Dreamland Museu de Cera e o parque Vale dos Dinossauros passaram a ter mais atividades e, além disso, museus locais abrem mais tarde e ficam em funcionamento até a noite, para atrair os turistas que durante o dia se refrescam nas águas quentes do Thermas dos Laranjais e do Hot Beach.

Turistas frequentam o parque aquático Thermas dos Laranjais, em Olímpia, no interior paulista
Turistas frequentam o parque aquático Thermas dos Laranjais, em Olímpia, no interior paulista - Joel Silva/Folhapress

Um bar gelado e um outlet estão entre os empreendimentos que devem ser lançados em breve.

"O turismo surgiu por uma demanda aquática, mas a própria cidade e os empreendimentos passaram a ver que oferecer novas atrações seguraria o turista e até mesmo ampliaria a sua permanência", disse Juan Espeche, gestor do grupo Dreams, que opera o museu de cera e o parque jurássico.

Em novembro, o museu fez pela primeira vez um evento de terror, com duração de quatro dias. "Houve interesse, as pessoas ficaram perguntando", comenta Espeche, que foi produtor por 12 anos do lendário evento paulistano Noites do Terror. "Agora estamos nos programando para voltar com força. A ideia é estudar a nova data e criar uma agenda. Sofremos com a sazonalidade, agora [no verão] é superalta, mas há as baixas [temporadas]."

Ele se apega à própria origem das Noites do Terror para projetar que dará certo a empreitada em Olímpia. "O evento no Playcenter começou num fim de semana, no mês mais fraco do ano, e se transformou em três meses. Não é loucura dizer que podemos fazer a mesma coisa, ou até mais, já que temos um mercado formado pelo público de São Paulo."

Até o fim do mês passado, havia a expectativa de que circulassem pela cidade em dezembro e janeiro 900 mil turistas, predominantemente paulistanos, que respondem por 6 em cada 10 visitantes.

Levantamento da Prefeitura de Olímpia mostra que a permanência média do turista na cidade aumentou. De dois dias, média de anos atrás, hoje ela é de 3,5 dias. O foco das atrações também é 2026, quando a cidade prevê receber 6 milhões de turistas.

Sócio-fundador da Natos, responsável pelos resorts Enjoy Olímpia Park e Enjoy Solar das Águas Park, Rafael Almeida disse que a explicação para o recorde de visitação é um trabalho de parceria entre poder público e iniciativa privada, para criar uma estrutura robusta para os turistas.

"Atrativos são criados todos os anos dentro dos parques, e com isso novas atrações vão surgindo. Após o fechamento dos parques, os turistas continuam tendo opções do que fazer."

Noites do Terror do Playcenter, em 2012, replicado em versão reduzida em Olímpia (SP)
Noites do Terror do Playcenter, em 2012, replicado em versão reduzida em Olímpia (SP) - Gabo Morales - 12.jul.2012/Folhapress

A principal mola propulsora do turismo local segue sendo o Thermas dos Laranjais, parque aquático mais visitado da América Latina e que está em nova fase de expansão.

O empreendimento comprou uma área de 1 milhão de metros quadrados —hoje são 300 mil metros quadrados— e deve ter um novo complexo de escorregadores aquáticos.

Como a nova área é separada do parque por uma avenida, o Thermas planeja a ligação entre elas por teleféricos, passarelas ou mesmo por uma nova atração —são 55 atualmente.

"Praticamente a gente já ocupa a área toda que tem disponível e aí começamos a pensar no outro lado. Está tudo na mesa sendo trabalhado. E com um detalhe: estamos prevendo o funcionamento de 24 horas, o primeiro parque aquático com funcionamento 24 horas", disse Marcos Bittencourt, gestor comercial e de marketing do Thermas. Não há previsão de data para o início da abertura ampliada.

Entre as atrações estão a montanha-russa aquática, que na temporada de verão chega a ter fila de espera superior a três horas.

Secretária do Turismo e Cultura de Olímpia, Priscila Foresti disse que criar novas atrações foi fundamental para manter o turista por mais tempo na cidade.

"Estamos formando um circuito de museus e tem sido surpreendente a adesão dos turistas. Isso deve se acentuar com a chegada do outlet, previsto para até o final do primeiro semestre", disse.

Já no Hot Beach, o diretor de marketing e vendas, Heber Garrido, afirmou que as férias foram de alta ocupação nos resorts do grupo e que a expectativa também é grande para o Carnaval.

A programação inclui apresentações de escola de samba, de bateria e percussão, de passista de escola de samba, bandas carnavalescas, blocos de marchinhas, trio elétrico, desfile de batucada e concursos de fantasias.

O parque também está em fase de ampliação, com atrações secas e a Vila Guarani, espaço para entretenimento e alimentação no fim da tarde e à noite, após o fechamento do parque aquático.

Orlando brasileira

Olímpia passou a ser chamada nacionalmente de Orlando brasileira há seis anos, inspirada em viagens que diretores do Thermas fizeram para a cidade dos Estados Unidos para conhecer as atrações dos parques de lá.

Naquele ano, uma reportagem da revista Exame citou a denominação e, desde então, o setor turístico passou a utilizá-la com frequência, como forma de impulsionar as atrações da cidade, uma das estâncias turísticas paulistas.

A denominação inspirada nos Estados Unidos difere de outra dada a uma rica cidade paulista nos anos 80. Devido ao forte desenvolvimento econômico a partir da cana-de-açúcar, Ribeirão Preto passou a ser conhecida como Califórnia brasileira, o que contribuiu para atrair para a sua região milhares de migrantes de outros estados em busca de uma vida melhor nos anos seguintes.

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