Descrição de chapéu Alalaô

Sob chuva, Chico César abre retomada do Carnaval de SP

Após pausa forçada pela pandemia, cortejo no Ibirapuera deu início à folia paulistana

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São Paulo

Começou. Já é Carnaval. Eram 11h30 quando o cantor paraibano Chico César abriu os festejos no Ibirapuera neste sábado (11), sob uma garoa que logo virou chuva e acabou azedando o clima de abertura do Carnaval de rua de São Paulo. A apresentação contou com uma participação ligeira do maranhense Zeca Baleiro.

Após dois anos de parada obrigatória do Carnaval de rua, o entorno do Obelisco do Ibirapuera, na zona sul, foi o palco escolhido para uma espécie de abre alas para a festa paulistana.

"A gente andava muito triste, e o povo brasileiro não é assim. Nasceu para ser feliz" conta o professor de direto Rafael Mendonça, 30 anos, três deles vivendo na capital paulista.

Paraibano como Chico César, ele estava animado. Elogiou o público presente e disse que o Carnaval veio dar uma injeção de ânimo na gente. "Isso aqui é como um banho de sal grosso", brinca.

Chico César se apresenta em bloco, no palco de um trio elétrico
Bloco Estado de Folia, com Chico César e convidados, desfila próximo ao parque Ibirapuera - Adriano Vizoni/Folhapress

Apesar do tempo, os foliões estavam animados, esbanjando alegria e "looks carnavalescos". Um público diverso, com crianças, jovens e outros mais maduros.

Amigas de infância, colegas de academia, a empresária Cristina Mello, 59, e a dentista Cláudia Monteiro, 60, acordaram praticamente montadas neste sábado, para irem ao Ibirapuera. "Pulei da cama às 7h40 com uma foto da Cláudia já pronta para a folia", conta Cristina.

"O Carnaval sempre foi uma festa democrática, mas agora, este Carnaval vem como um grito de liberdade, contra o preconceito, contra o confinamento, sem máscara. Percebemos quanto a vida é valiosa. Vamos curtir, viver", disse Cláudia.

Às 12h25, a chuva apertou. Muita gente procurou abrigo debaixo de árvores ou sob marquise de ponto de ônibus. Afinal, ninguém queria borrar a maquiagem.

"Não acredito que bem hoje me vem essa chuva chata. Pelo amor de Deus, deixar para chover de madrugada ", reclamou a estudante Pamela Souza, 19, que veio do Jabaquara, para ver o bloco Estado de Folia de Chico César, pela primeira vez puxando um trio próprio em São Paulo. "Só de maquiagem, gastei R$ 50", conta.

Por volta das 13h, o público começou a ganhar mais espaço. Parou de chover por pouco tempo.

A partir das 14h, a previsão é de Alceu Valença levar o seu tradicional Bicho Maluco Beleza, pela sétima vez no Carnaval Viva a Rua. A chuva forte, porém, pode atrasar a apresentação.

A Pipoca, plataforma de impacto cultural para pessoas, marcas e cidades, organizadora do evento, tem expectativa de público de 450 mil pessoas.

O repertório de Chico foi baseado em frevo, samba reggae e em marchas do Carnaval misturadas às já conhecidas canções do artista, como "Mama África", "Pedra de Responsa", "Respeitem Meus Cabelos Brancos", "Filá" e outras inéditas.

Também teve refrão de "sem anistia, sem anistia, prende Bolsonaro e sua família".

Para o advogado Saul Carvalho, 30, que este seja, definitivamente, o Carnaval para "a gente exteriorizar todo esse retrocesso dos últimos quatro anos". "Que seja um Carnaval de desbunde. O Carnaval da liberdade."

E que a chuva pegue leve. Oxalá.

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