Moradores de albergue recém-inaugurado em SP relatam falta de água e outros problemas

OUTRO LADO: Prefeitura diz que abrigos passam por vistoria e que em hipótese alguma são entregues em más condições

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São Paulo

Uma semana após deixarem um albergue que acabou desativado por graves problemas na estrutura na Água Rasa, zona leste de São Paulo, pessoas em situação de rua voltam a enfrentar dificuldades no novo espaço em que foram abrigadas pela gestão Ricardo Nunes (MDB).

De acordo com os acolhidos, o abrigo Cidade Refúgio III, localizado na rua São Leopoldo, no Belenzinho (zona leste), distante cerca de cinco quilômetros do albergue desativado, está um caos. Entre as queixas estão falta de água para banho, vasos sanitários sem assentos, ausência de mangueiras em hidrantes, fiações expostas, tomadas sem energia elétrica, vazamentos e alagamentos.

A reportagem conversou com moradores do local nesta segunda (27), que detalharam a situação que têm enfrentado diariamente. Um deles, que estava no antigo abrigo, disse que "saiu do punhal e pulou na peixeira" ao comparar um local ao outro.

Procurada, Smads (Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social) afirma que todos os serviços implementados passam por vistorias da área técnica da pasta e que em hipótese alguma os equipamentos são entregues sem as devidas condições para receber os acolhidos.

Vaso sanitário sem assento no Cidade Refúgio III
Vaso sanitário sem assento no Cidade Refúgio III, centro de acolhida no Belenzinho, zona leste de São Paulo - Leitor

A unidade foi inaugurada no último dia 20 para um grupo que antes habitava o albergue na rua João Soares, na Água Rasa, desativado às pressas após a Folha mostrar as condições precárias do espaço, onde pernoitavam quase uma centena de pessoas. Horas antes de ser fechado, um homem morreu no local após cair de uma escada.

Um dos usuários do novo espaço disse ter ficado três dias sem conseguir tomar banho, na semana passada, por falta de água. Um fila de homens se formava no local no fim do dia, em vão.

Outro acolhido relatou que a água volta a pingar em alguns momentos durante o dia, quando o albergue está mais vazio, mas fica sem água novamente à noite. A situação se repetiu nesta segunda, quando mais uma vez não havia água nas torneiras no período noturno.

Os acolhidos relatam ainda que os banhos que conseguem tomar durante o dia são todos frios, já que os chuveiros estão queimados há dias.

Sobre a ausência de assentos em vasos sanitários, o problema foi registrado em fotos pelos moradores do local. As imagens mostram objetos novos, que ainda não foram instalados, ao lado das privadas.

Procurada, a gestão Ricardo Nunes negou que a falta de água tenha sido causado por falhas no centro de acolhida do Belenzinho e atribuiu o episódio a um problema que atingiu a região onde o equipamento está instalado, no período noturno.

Hidrante sem mangueira
Usuários do espaço se queixam da ausência de mangueira em hidrante em abrigo no Belenzinho, na zona leste - Leitor

A Smads afirmou ainda que manutenções rotineiras são realizadas assim que identificadas pela OSC (Organização da Sociedade Civil) Assistência Social Lar Ditoso, responsável pela administração e manutenção do serviço, incluindo reparos hidráulicos, elétricos e estruturais.

"Com relação aos problemas hidráulicos do equipamento, a pasta informa que a OSC realiza reparos em alguns pontos que apresentaram problemas de vazão da água, quando usada em volume acima da capacidade do ralo, mas essa não é, absolutamente, uma situação que impeça o uso do chuveiro", diz trecho da resposta enviada à reportagem.

"Sobre a questão elétrica do equipamento, a OSC disponibiliza tomadas nas áreas comuns do serviço, como o refeitório e o espaço de convivência, para que os atendidos possam utilizá-las livremente, para carregar celulares, por exemplo."

A afirmou ainda que repõe as tampas dos vaso sanitários sempre que há necessidade.

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