Descrição de chapéu Obituário Francisco Sebastião de Lima (1971 - 2023)

Mortes: Alagoano era o transplantado cardíaco mais antigo do país

Francisco Sebastião de Lima usava transplante desde os 17 anos

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Salvador

Francisco Sebastião de Lima era apenas um adolescente de 17 anos, na cidade alagoana de Santana do Mundaú, quando precisou fazer transplante devido a uma insuficiência cardíaca grave provocada pela doença de Chagas, enfermidade que afeta o coração.

Chico, como era conhecido, viveu com o novo órgão por 34 anos, o que lhe rendera o posto de transplantado cardíaco mais longevo do país, segundo um dos médicos que realizaram a cirurgia, José Wanderley Neto, hoje deputado estadual em Alagoas.

Francisco Sebastião de Lima, aos 47 anos, quando foi homenageado em simpósio que celebrou três décadas da primeira cirurgia de transplante de coração realizada em Alagoas
Francisco Sebastião de Lima, aos 47 anos, quando foi homenageado em simpósio que celebrou três décadas da primeira cirurgia de transplante de coração realizada em Alagoas - Hugo Taques - 9.ago.19

Era 21 de março de 1989, época em que transplantes de coração só eram realizados no eixo Sudeste-Sul, quando Chico iniciou sua odisseia. Precisou ser levado a Aracaju, onde o coração foi doado, para passar pela cirurgia, que contou ainda com o médico José Teles. Os cirurgiões optaram por levar o paciente até o estado vizinho, evitando o translado do órgão, tarefa complicada na época.

Em 2019, ele foi o principal homenageado no Simpósio de Cirurgia Cardiovascular, em Maceió, que celebrou as três décadas do primeiro transplante no Nordeste —feito em Francisco—, e os 41 anos de cirurgia vascular no estado.

Nas mais de três décadas em que administrou, com medicamentos, a rejeição do organismo ao novo coração, Chico sobreviveu a dois AVCs (Acidente Vascular Cerebral). Com sequelas, acabou se aposentando cedo, conta a irmã, a professora Zenaide Lima, 41.

Nesse intervalo, se dedicou a cuidar da família, sobretudo, da mãe, a aposentada Maria Quitéria Lima, 82, com quem vivia. No ano passado, Chico foi diagnosticado com um melanoma agressivo, um câncer de pele que resultou em metástase em outros órgãos.

Mesmo com as sessões de radioterapia, conta a irmã, a condição se agravou ao ponto de ele passar cerca de um mês internado. Já sob quadro de cuidados paliativos, o paciente foi liberado para ficar em casa, onde faleceu no último dia 11.

"A gente sabia que ele tinha uma saúde bastante debilitada, mas sempre mantínhamos esperança de melhora", diz a professora. "Estamos todos arrasados, principalmente nossa mãe, que está desolada. Eram só os dois. Ele era o companheiro dela", lamenta.

A morte de Chico rendeu homenagem do hoje deputado Doutor Wanderley durante pronunciamento na tribuna da Assembleia Legislativa de Alagoas. "Sua sobrevida por mais de três décadas marcou não apenas a história da cardiologia alagoana, mas do Brasil", disse.

Chico deixa a mãe, Maria Quitéria; os irmãos Zuleide, José e Zenaide; e os sobrinhos Olímpio, Gláucia, Ricardo, Osni, Carlos, Madson, Maurício, Murilo e Maiara.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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