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Pousadas de São Sebastião têm movimento baixo no 1º feriado prolongado após tragédia

Mais próximo do epicentro dos deslizamentos, no Sahy, os comércios ficaram mais vazios

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São Sebastião (SP)

O primeiro feriado prolongado após as chuvas que deixaram 65 mortos em São Sebastião tiveram movimento abaixo do esperado no turismo, prejudicado pelo tempo nublado e ainda afetado pela lembrança da tragédia.

Quem trabalha nas pousadas e hotéis relata cancelamentos e nível baixo de ocupação das vagas. Isso ocorre apesar do setor de comércio e serviços local já estar preparado para receber um volume maior de turistas.

Uma pessoa de casaco azul claro e calça legging observa o mar agitado da praia. Ela tem cabelos compridos e aloirados
Movimento na praia da Barra do Sahy, em São Sebastião, litoral norte de SP, no primeiro feriado prolongado após as chuvas que devastaram a região, em fevereiro - Rubens Cavallari/Folhapress

Bares e restaurantes já recompuseram parte das vagas de funcionários que tinham antes do desastre. A recuperação da atividade econômica é mais notável em Juquehy, Boiçucanga e Camburi. Mais próximo do epicentro dos deslizamentos, no Sahy, os comércios estão mais vazios.

Dona de uma pequena pousada na Barra do Sahy, Adriana Cardoso, 50, teve duas reservas para o feriado canceladas por causa da previsão de chuva. Os cancelamentos têm se repetido a cada fim de semana –no anterior, a meteorologia indicava que um ciclone passaria na região, o que ocorreu sem deixar danos em São Sebastião.

"A Barra do Sahy está sendo muito prejudicada pois foi aqui onde tudo aconteceu", disse Cardoso. Ela paga R$ 6.000 por mês no aniversário do espaço onde está a pousada e, no último mês, teve prejuízo. De 25 de março a 8 de abril, só alugou quartos em duas ocasiões.

O movimento de turistas foi parcialmente retomado, mas os comerciantes notam a apreensão do público quanto há sinais de chuva.

"Outro dia eu estava com o salão cheio, fechou o tempo e começou a trovoar. Os clientes começaram a pedir a comida para viagem, imediatamente, porque ninguém queria ficar aqui durante a chuva, queriam ir logo para casa, está todo mundo com medo", conta Francisco Soares de Abreu, 52, dono do restaurante Pimenta Rosa, em frente à escola municipal Henrique Tavares de Jesus, que abrigou vítimas dos desmoronamentos.

A impressão de que o Sahy está mais vazio do que as praias do entorno é compartilhada pela publicitária Manoela Simões, 43, que tem uma casa no bairro onde ficou durante a Páscoa. O estigma da tragédia se soma ao fato que, segundo a publicitária, o abastecimento de água ainda não foi normalizado em alguns imóveis, dois meses depois.

"A gente sabe que algumas pousadas ainda estão sem abastecimento de água, algumas casas também, e em alguns casos a água vem suja", ela conta.

Outras três pousadas em Camburi, Juquehy, Barra do Sahy visitadas pela reportagem tinham cerca de 30% da capacidade ocupada. O motivo mais citado para explicar o movimento baixo foi o tempo chuvoso, que costuma ter correlação direta com as viagens para o litoral.

"Chuva sempre diminui o movimento, mas não desse jeito", diz o recepcionista Pedro Pontes, 27.

Parte da rede hoteleira ainda está ocupada com os desabrigados pelos deslizamentos na cidade. A pousada Madalena, na praia de Camburi, estava recebendo as famílias desalojadas até a semana passada, por exemplo.

Dois dias antes da Sexta-feira da Paixão, as famílias foram realocadas para outra pousada dos mesmos proprietários. Mesmo que já estivesse fazendo reservar há cerca de um mês, a ocupação ficou abaixo de um terço.

"Tem muita gente traumatizada ainda né", diz o barman Carlos Henrique Neves Pereira, 23. "Os próprios funcionários, mesmo, muita gente perdeu tudo."

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