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Pressão por moradia e volta do turismo aumenta em São Sebastião após chuvas

Desabrigados começam a ser transferidos para hotéis, enquanto setor diz que outras cidades do litoral de SP estão preparadas para receber turistas

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São Paulo

Centenas de pessoas desabrigadas em São Sebastião após as chuvas que deixaram 64 mortos na cidade e um em Ubatuba, no litoral de São Paulo, começaram a ser encaminhadas na noite de quarta (1º) a hotéis e pousadas. A medida foi anunciada pelo governo paulista para atender cerca de 824 pessoas que estavam instaladas em escolas.

A mudança de abrigo, que continua durante o fim de semana, vai mover as pessoas do Instituto Verdescola —ONG que tem auxiliado os afetados—, da Escola Estadual Henrique Tavares e de uma creche para parte dos 120 hotéis e pousadas da região da Barra do Sahy.

Liberar as escolas resolve o problema do calendário letivo. Iniciadas em 6 de fevereiro, as aulas foram adiadas em razão das chuvas e serão retomadas na próxima segunda-feira (6). Ainda há resistência de alguns moradores, que temem deixar suas casas, mesmo condenadas.

foto mostra escola à noite, é possível ver luz dentro do prédio e pessoas transitando pela entrada. em primeiro plano à direita, uma silhueta de homem que usa o celular
Escolas de São Sebastião (SP) foram transformadas em abrigos após a chuva deixar famílias desabrigadas - Bruno Santos - 25.fev.23/Folhapress

Alguns relatos foram feitos à Amovila, associação de moradores da Vila Sahy, que fica acima da Barra, em área de encosta, e foi a região mais devastada pelo temporal que ocorreu no Carnaval. A presidente, Evanildes Andrade, 56, diz que os associados estão ajustando demandas para levar à prefeitura.

"A principal é a habitação. Precisamos de um plano de urbanização", diz Evanildes, que fundou a Amovila. Ela diz que a entidade quer participar das decisões sobre as casas e que os recursos podem ser usados para auxiliar na estrutura de bens públicos para o bairro.

"E precisamos de segurança aqui, porque as pessoas que vão para o hotel deixarão as casas vazias agora e quando forem para as casas de passagem. Tem quem voltou para a casa, mesmo com recomendação de sair, porque tem medo", afirma.

A mediação e a organização das demandas têm sido feitas por meio de reuniões com a Secretaria de Desenvolvimento Social do estado, que faz atendimentos do Cadastro Único para antecipação de benefícios sociais.

Pelo lado do setor turístico, o abrigo em estabelecimentos parece ser um alento para quem receberá desabrigados —e o pagamento pelas vagas usadas.

O prazo inicial de 30 dias para as hospedagens pode ser renovado. O objetivo é que as pessoas sejam transferidas para moradias temporárias que serão construídas nesse período.

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse que o custeio será feito pela iniciativa privada. Foram disponibilizadas 4.100 vagas, quantidade acima do necessário para o momento, segundo o governo. Além dos desabrigados, há 1.090 desalojados —que precisaram sair de suas casas mas não dependem de abrigo.

Os hotéis inscritos propuseram tarifas diferentes daquelas cobradas a turistas, segundo a Abih (Associação Brasileira da Industria de Hotéis do Estado de SP). Os preços variam de R$ 140 a R$ 300, dependendo da estrutura de cada negócio, e as vagas vão sendo selecionadas pelo governo.

Nos próximos dias, outras pessoas podem ser retiradas de casa e abrigadas em hotéis se houver risco de desabamento nas residências.

Nem todos os estabelecimentos receberão desabrigados, e continua a recomendação do governo para que turistas não viajem para o litoral norte —o que aumenta a angústia de empresários do setor.

"Receber as pessoas é uma coisa boa para pousadas e hotéis, que vão conseguir manter empregos e o fluxo, mas não são as 120 na costa sul de São Sebastião. Os outros vão ter dificuldades", diz Rodrigo Tavano, vice-presidente da Abih na regional do litoral norte.

Tavano acha positiva a parceria do governo com hotéis, mas critica o que chama de generalização do desastre. "Há cidades do litoral que sofreram com as chuvas, mas já não têm mais alagamentos. E tiveram um grande número de cancelamentos por causa dessa recomendação para a região."

Ele se refere a outras cidades do litoral norte, como Ilhabela, Caraguatatuba, Bertioga e Ubatuba, além de outras praias como Maresias, que fica em São Sebastião. "No fim de semana passado, poderíamos ter 75% a 80% de ocupação em toda a região, normal de pós-Carnaval, e tivemos 24%", afirma Tavano.

No início da semana, a Prefeitura de Ubatuba pediu que os turistas voltem a frequentar o município e afirmou que os serviços já foram normalizados após as fortes chuvas que deixaram uma criança de 7 anos morta na cidade.

A prefeita Flavia Pascoal (PL) afirmou que todos os setores da administração municipal trabalham desde o dia 18 para recuperar as áreas atingidas.

"Fizemos esse trabalho todos esses dias focando o restabelecimento de Ubatuba. Ainda estamos em atuação, mas a cidade de Ubatuba está bem controlada. As estradas já estão com acesso liberado e estamos trabalhando, internamente, nas 46 ruas afetadas, nos bairros e nos empenhando nos planos de ajuda humanitária", destacou a gestora de Ubatuba.

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