Só depois vi que era um massacre, diz professora que salvou bebês em SC

Simone Camargo fechou banheiro de creche para proteger crianças; quatro morreram em ataque em Blumenau

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Blumenau (SC)

Uma das professoras da escola Cantinho Bom Pastor, em Blumenau (SC), onde quatro crianças foram mortas por um homem de 25 anos nesta quarta (5), relatou à Folha que primeiro suspeitou de um assalto e que "só depois viu o massacre".

"Nunca passou pela cabeça. Isso é muito distante daqui", disse Simone Aparecida Camargo, que há cinco anos trabalha na escola e cuida de crianças de 4 meses até 3 anos de idade.

Quando o homem entrou na escola, Simone estava em uma sala cuidando de quase 20 crianças junto com outras duas professoras.

Imagem mostra braços de pessoas que acendem velas no chão
Moradores acendem vela em vigília pelas vítimas do ataque à creche Continho Bom Pastor, em Blumenau (SC) - Bruno Santos/Folhapress

"Uma das professoras que estavam comigo viu o cara pular o muro. A gente deduziu que tinha um assalto no posto de gasolina do lado. Corremos pra fechar as janelas, a porta. E colocamos as crianças no banheiro, porque o nosso trocador é bem grande. Eu fiquei na porta, ligando pra PM, avisando que tinha um assaltante. Fiquei trancada lá. Só depois vi que era um massacre", disse ela.

Simone diz que só saiu da sala quando ouviu uma professora de fora gritar que precisava de ajuda para socorrer as crianças. "Aí uma professora começou a gritar pedindo ajuda para socorrer as crianças que estavam no parque. Mas, quando eu ouvi, eu achei que era para levá-las para um lugar mais tranquilo, explicar que um titio invadiu o parque. Não tinha entendido ainda", conta ela.

Uma das docentes que estavam com Simone na sala dos bebês tem filhas matriculadas na escola e, muito abalada, preferiu não falar com a imprensa.

Simone conta ainda que outras duas professoras ainda tentaram barrar o homem e que o foco dele eram somente as crianças.

"A gente tentou fazer massagem, tentou reanimar. Mas não deu. Os bombeiros chegaram rápido", conta Simone. "Eu não sei de onde vou tirar forças para voltar. Já me questionei sobre isso hoje, mas não tenho uma resposta ainda. É um filme de terror".

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