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Brasileira morta na Argentina usou cocaína, maconha e drogas sintéticas, aponta exame

Advogado da família de Emmily Rodrigues diz que dono do apartamento, que é suspeito da morte, forneceu as substâncias

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Buenos Aires

Um exame toxicológico confirmou que a brasileira Emmily Rodrigues, 26, consumiu álcool, cocaína, maconha e outras drogas sintéticas antes de cair do sexto andar de um prédio de Buenos Aires, na Argentina, no dia 30 de março.

A informação foi publicada pela agência de notícias estatal Télam e confirmada à Folha pelo advogado que representa a família da jovem, Ignacio Trimarco. Segundo ele, o relatório é preliminar, e um parecer mais completo ainda detalhará a quantidade de cada substância presente no corpo.

Emmily Rodrigues, 26, foi encontrada morta após cair do 6º andar de um prédio em Buenos Aires - @_milyrodriguess no instagram

Segundo a Telám, que teve acesso ao documento do Laboratório de Toxicologia e Química Legal, o sangue da modelo tinha um grama de álcool e vestígios de cocaína —assim como as narinas. Na análise da bile (secreção produzida pelo fígado), foram achadas cocaína e ketamina.

Conhecida como special K ou key, essa última substância é um anestésico e analgésico, que é ministrado pela medicina em quadros de depressão resistente, por exemplo, mas vem sendo usado como droga recreativa.

Na urina de Emmily, havia ainda concentrações de maconha, cocaína, ketamina e MDMA.

O exame corrobora os depoimentos das testemunhas e do principal suspeito, o empresário e dono do apartamento Francisco Sáenz Valiente, 52, de que Emmily consumiu drogas antes de cair. Ele afirma que ela teve um surto psicótico e se jogou, versão que é contestada pela família.

O empresário argentino Francisco Sáenz Valiente, 52, suspeito pela morte da modelo brasileira Emmily Rodrigues, 26 - Francis Saenz Valiente no Facebook

Segundo o advogado Trimarco, o resultado toxicológico apenas confirma uma das acusações do Ministério Público: a de que Valiente teria fornecido drogas à jovem. "São duas acusações distintas, uma de fornecimento de drogas e outra de feminicídio. O exame corrobora a primeira acusação", diz ele.

O empresário ficou detido preventivamente por cerca de 20 dias após a morte, mas foi solto no mês passado porque a Justiça concluiu que não havia indícios suficientes para a manutenção da prisão.

Ele não pode sair do país, tem que se apresentar à Justiça a cada 15 dias e está proibido de se comunicar com testemunhas ou os pais da jovem. A Folha tentou entrar em contato com seu advogado, Rafael Cúneo Libarona, pelo telefone de seu escritório, mas ele não retornou a ligação.

Ainda há mais dúvidas do que respostas sobre o caso, que corre sob sigilo. Sabe-se que, na noite anterior, Emmily foi a um restaurante, a um bar e depois seguiu com duas amigas brasileiras por volta das 3h para o apartamento de Valiente, que estava com uma quarta amiga brasileira, no bairro do Retiro.

O empresário afirma que, por volta das 9h, após duas delas irem embora, a jovem teve um surto psicótico causado pelo consumo de drogas e se jogou da janela. Ele, a amiga que continuou no apartamento e os vizinhos chegaram a ligar para a emergência enquanto ela ainda gritava. Mas quando eles chegaram ela já havia caído, nua, no vão do edifício.

Segundo a Telám, os exames periciais concluíram que não havia sêmen no corpo de Emmily, o que coincide com o relato do suspeito de que não manteve relações sexuais com ela naquela noite. Ele também afirmou aos investigadores que não foi uma festa sexual.

De acordo com amigas de Emmily, a brasileira se mudou de Salvador para Buenos Aires há cerca de quatro anos, depois que conheceu um ex-namorado argentino, e chegou a cursar três semestres de medicina na nova cidade, mas parou.

Em seguida, trabalhou em uma agência de turismo e fez cursos de estética. Recentemente, atuava como modelo fotográfica e em eventos privados e tinha planos de investir um dinheiro guardado em uma clínica de estética para mulheres e homens.

Também namorava um outro argentino recentemente, que até agora não veio a público. Morava sozinha com sua cachorrinha Chanel num apartamento no bairro de Caballito, a 7 km de onde morreu.

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