Guarda Civil tenta impedir MTST de distribuir marmitas na praça da Sé

Agentes afirmaram que medida faz parte de ações de zeladoria em SP, diz coordenadora da cozinha; GCM não se manifestou

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São Paulo

Agentes da GCM (Guarda Civil de São Paulo) tentaram impedir nesta quinta (4) a distribuição de marmitas pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) a pessoas em situação de rua na praça da Sé, no centro da capital.

A Vigilância Sanitária foi acionada, e técnicos realizaram inspeção na cozinha do movimento, localizada na rua Venceslau Brás. A ação ocorreu por volta do meio-dia, e as marmitas, então, foram entregues.

Em nota, a Prefeitura de São Paulo informou que não foi constatada qualquer tipo de irregularidade sanitária no local.

De acordo com a coordenadora geral da Cozinha Solidária do MTST, Cecília Gomes de Souza, a ação da GCM ocorreu pelo terceiro dia seguido nesta quinta-feira. Segundo ela, os guardas disseram que a medida faz parte do processo de revitalização da praça da Sé.

Guarda Municipal na calçada, em frente à cozinha solidária
Cozinha Solidária do MTST recebeu inspeção da Vigilância Sanitária após GCM impedir entrega de marmitas na praça da Sé - Leitor

"Há três semanas está acontecendo isso, e eles [GCM] começaram a ficar mais agressivos. Já é o terceiro dia consecutivo", disse Souza.

Em nota, o MTST afirma que a prefeitura mobilizou 12 agentes, em quatro viaturas e quatro motocicletas, para a ação.

"É de uma desumanidade atroz impedir que pessoas com fome sejam alimentadas", diz o advogado Yan Bogado Funck, na nota. "Isso para não falar de uma ilegalidade atroz. É dever constitucional do poder público garantir dignidade às pessoas."

No mês passado, a Prefeitura de São Paulo cercou a praça da Sé com grades. O subprefeito responsável pela área, coronel Alvaro Camilo, disse na ocasião que a medida era parte das ações de zeladoria para a região e classificou a situação atual da praça como de "desordem urbana".

A colocação dos gradis acontece em meio à alta de casos de violência no centro. O 1º Distrito Policial, que inclui a Sé, registrou no primeiro bimestre do ano a maior quantidade de roubos da série histórica, iniciada em 2002.

A Defensoria Pública de São Paulo recomendou a retirada das grades da praça e pediu à gestão Ricardo Nunes (MDB) informações sobre as ações do município na região central. Segundo a Defensoria, as grades violam o direito das pessoas de ir e vir e de permanecer no local, e a prefeitura não especificou de que forma a instalação de grades poderia reduzir a criminalidade.

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