Homem preso com menino de 2 anos de SC intermediou adoção ilegal, diz PM

Marcelo Valeze e Roberta Santos foram presos em SP; advogada da dupla afirma que dará entrevista coletiva às 18h

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São Paulo

Marcelo Valverde Valeze, 52, preso em São Paulo no caso envolvendo o desaparecimento do menino de 2 anos de Santa Catarina, intermediou uma tentativa de adoção ilegal da criança, segundo a Polícia Militar de São Paulo.

A informação foi dada durante entrevista coletiva no começo da tarde desta terça-feira (9).

De acordo com a polícia, o menino foi entregue pela mãe em SC. Ele foi encontrado nesta segunda (8) na zona leste de São Paulo em um carro em que estavam Valeze e Roberta Porfírio de Souza Santos, 41. Eles foram presos sob suspeita de tráfico de pessoas, e a criança está sob os cuidados do Conselho Tutelar.

A advogada que representa a dupla ainda não se pronunciou sobre o caso, mas afirmou que vai conceder uma entrevista coletiva a partir das 18h desta terça.

Criança de 2 anos que havia desaparecido em Santa Catarina foi localizada em São Paulo nesta segunda (8) - @julianobxd no Instagram

No momento da abordagem, segundo a PM, Valeze dirigia o veículo, que pertence a Santos. Ela estava no banco de trás, ao lado da criança, colocada em uma cadeirinha própria.

Inicialmente, segundo a PM, eles se apresentaram como um casal.

"Eles se apresentaram como um casal, o menino estava no banco de trás, ao lado da mulher, tudo certinho. Até pensamos que havia algum engano na abordagem, alguma fake news. Mas como estávamos em contato com a PM de Santa Catarina, as informações foram chegando", disse o sargento Márcio Roberto dos Santos Severino.

Confrontados, eles mudaram a versão. Disseram que eram apenas conhecidos e que cada um tinha seu cônjuge.

"Ele [Valeze] contou que, anteriormente, ele e a esposa tinham interesse na adoção de uma criança e passaram a frequentar grupos de adoção, fisicamente e em grupo de WhatsApp. Ele disse que conheceu Santos dessa maneira", afirmou o tenente Sérgio Brandão Donofreo.

Ainda segundo o tenente, Valeze disse que ficou sabendo da existência da criança em questão e contou sobre ela a Roberta Santos.

"Ele fez a intermediação com a mulher de Santa Catarina [mãe do menino] e Santos foi até lá buscar a criança. A princípio ele não teria ido junto buscar a criança, teria apenas intermediado, mas só a investigação vai responder se ele realmente não estava e se teria recebido por isso. Inicialmente ele não teria recebido nada", acrescentou o PM.

A PM informou que, após receber a informação de que o veículo envolvido no desaparecimento da criança estava circulando pelo Tatuapé, foi montada uma operação para tentar localizá-lo.

O sistema de monitoramento, então, apontou quando o veículo passou pela rua Conselheiro Carrão. Foi feito um acompanhamento com várias equipes, segundo a PM, que aguardou o melhor momento para a abordagem.

"Foi feita a abordagem, pedimos para baixar os vidros. Eram mais de cinco policiais, mas a criança não estranhou, não chorou. É uma criança de trato fácil. Qualquer um podia levá-la que ela não estranharia", relatou o tenente Brandão Donofreo.

Sargento Márcio Roberto Severino, tenente Sérgio Brandão Donofreo e major Juarez, subcomandante do 8º Batalhão - Francisco Lima Neto/Folhapress

A PM afirmou que Santos estava com a criança desde o dia 30 de abril, data do desaparecimento, com a certidão de nascimento original. A polícia, contudo, ainda não soube dizer se a mulher estava desde essa data em São Paulo ou se ficou algum tempo em Santa Catarina com o menino.

Ao ser abordada, a dupla afirmou que estava indo ao fórum legalizar a situação da criança. A hipótese da PM é que Roberta Santos pode ter se assustado com a repercussão do caso na imprensa e nas redes sociais e entrou em contato com Valeze, que intermediou a adoção ilegal, para tentar solucionar a questão de maneira que não a incriminasse.

Ainda segundo a PM, Santos não tem passagem criminal. Valeze, por sua vez, tem um registro por lesão corporal.

A defesa de Marcelo Valeze negou que ele tenha assediado a mãe do menino a entregar a criança para a adoção. Mas confirmou que ele a conheceu logo após o nascimento do garoto e que naquela época teve interesse em adotá-lo.

Segundo as advogadas Laryssa Nartis e Khatarine Grimza, Veleze foi procurado recentemente pela mãe do menino. "Ela falou que caso ele não pegasse a criança ela poderia cometer uma loucura" disseram. "Ele não tinha mais contato com a mãe, ela é que veio procurá-lo agora."

De acordo com a defesa, Veleze conheceu a mãe do menino em um grupo de mulheres com interesse em doar crianças para adoção.

A partir daí, ele indicou Roberta Santos para a mãe do menino, de acordo com as defensoras, que confirmaram que os dois presos estavam indo entregar a criança no fórum, a pedido de um promotor.

"O Marcelo estava acompanhando a Roberta quando houve a prisão", disse Nartis.

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