Revolta marca velório de homem linchado em Guarujá (SP); polícia investiga o caso

Osil Vicente Guedes foi espancado e morto por um grupo e morreu no último domingo (7)

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Guarujá (SP)

Coração arrasado e desejo de justiça. Assim o irmão do comerciante linchado em Guarujá (a 83 km de São Paulo) resumiu o sentimento da família em velório e enterro da vítima na manhã desta terça (9) no cemitério da Consolação, no distrito de Vicente de Carvalho, onde o crime ocorreu no último dia 2.

Aos 49 anos, Osil Vicente Guedes foi agredido e morto por um grupo e teve morte encefálica constatada em hospital no último domingo (7).

Com medo de represálias, o irmão, de 67 anos, prefere não se identificar. Para ele, o crime tem relação com a ex-mulher de Guedes, com quem a vítima começou a se relacionar no ano passado.

Velório de Osil Vicente Guedes nesta terça (9) - João Pedro Feza/Folhapress

O irmão compartilhou um áudio de Guedes, enviado a uma sobrinha, no qual a vítima relata ter apanhado também de um grupo, um dia antes da morte.

No dia do linchamento, testemunhas relataram à polícia que o homem foi brutalmente agredido após ter sido apontado como ladrão de moto. O proprietário do veículo que a vítima usava no momento em que foi atacada, porém, disse em depoimento que conhecia Guedes e que tinha emprestado a moto para ele.

Agora a Polícia Civil investiga se a morte teria sido motivada por uma briga com a ex-mulher. Em depoimento, um dos irmãos da vítima disse que, na mensagem de áudio, ele contou ter "tomado uma surra a mando" da ex-mulher. Procurada por telefone, ela não respondeu à reportagem.

Pernambucano do Recife, evangélico e pai de três filhos, de um relacionamento mais antigo, Guedes era considerado "pacato" por amigos e familiares.

De acordo com um amigo, que também pediu anonimato, ele não tinha histórico de brigas. Era quem cuidava do menino mais novo, de nove anos, que já se juntou à mãe e aos dois irmãos no interior de São Paulo.

Foto de perfil do comerciante Osil Vicente Guedes em uma rede social.
Osil Vicente Guedes, 49, foi espancado e morto em Guarujá (SP) - Reprodução/Facebook

O comerciante Paulo Jorge, 52, foi ao velório com a camisa do time onde ele e Guedes jogavam.

"Eu no meio de campo, e ele, atacante. Quando não ia, avisava o motivo: dizia estar apertado com o serviço de revenda de sucata", contou.

Antes do Atlético Enseada, clube amador local com partidas aos fins de semana, Jorge e Guedes jogavam futebol no União Enseada. "Nos dois, sempre de boa, alegre, sorrindo. Agora só restam a saudade e a revolta."

Sirlene Almeida Gregório participa da Igreja Batista e conta que conheceu Guedes há muitos anos.

"Ele frequentava nossa Igreja Batista desde jovem. Nunca notamos nada de errado. Participava como qualquer pessoa. Era discreto, mas, quando alguém se aproximava, abria logo o sorriso. Tinha uma fala rápida, e mesmo há tanto tempo em Guarujá ainda não havia perdido o sotaque de Pernambuco", disse.

Uma vizinha da vítima, que pediu anonimato, recorda-se de que Guedes gostava muito de passear com o filho de moto e de cuidar de cachorros da rua. Os que apareciam, ganhavam dele ração. Ela também lembra do vizinho como um homem muito trabalhador.

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