Descrição de chapéu Obituário Sebastião Fernandes dos Santos (1949 - 2023)

Mortes: Desenhista que deu colorido ao Carnaval

Talento de Foguinho o transformou em um carnavalesco no interior de SP e o levou a trabalhar com Joãosinho Trinta, no Rio

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São Paulo

Sebastião Fernandes dos Santos nunca gostou de ser chamado pelo nome. Muito menos de Tião. Com seus cabelos ruivos e pele avermelhada, ele era o Foguinho, menino que sempre buscou transformar realidade em fantasia.

Nascido em Socorro (SP), ainda criança se mudou com a família para Jundiaí, também no interior paulista, onde descobriu o Carnaval. Como ritmista da bateria, passou a conhecer o funcionamento de uma escola de samba.

Sebastião Fernandes dos Santos, o Foguinho, carnavalesco de Jundiaí (SP), que morreu no no dia 27 de abril, vítima de câncer no pulmão, com os braços abertos em frente a uma arquibancada
Sebastião Fernandes dos Santos, o Foguinho, carnavalesco de Jundiaí (SP), que morreu no no dia 27 de abril, vítima de câncer no pulmão - Arquivo pessoal

Talentoso para desenhar, se formou na Escola Pan-Americana de Artes, na capital paulista, e teve uma consolidada carreira de projetista de máquinas.

Mas era desenhando fantasias carnavalescas que se realizava. "Meu pai tinha uma criatividade muito grande para colocar as coisas no papel", afirma a filha mais velha Caroline Finardi dos Santos, 41.

A fama de seus traços correu as principais passarelas do samba, e na década de 1980 Foguinho chegou a ser contratado como auxiliar do consagrado carnavalesco Joãosinho Trinta na Beija-Flor, no Rio de Janeiro.

Também trabalhou em agremiações paulistanas, como Águia de Ouro, onde assinou como carnavalesco principal, segundo a filha, e Mocidade Alegre, sem nunca abandonar o Carnaval de sua cidade.

Foi na Arco-Íris que Foguinho se consolidou como carnavalesco completo. Eram dele o tema do enredo, as fantasias e o desenho dos carros alegóricos.

Com a sua criatividade à frente do Carnaval, onde ingressou em 1991, a Verde e Rosa ganhou 14 títulos.

"Ele gostava de fazer enredos que remetessem à história da cidade", afirma a filha sobre o pai, que seria um dos fundadores da Liga das Escolas de Samba de Jundiaí.

Entre a preparação dos desfiles e os bons empregos em indústrias, Foguinho não abria mão de frequentar bailes no fim de semana. "A paixão era o Carnaval e o hobbie, dançar, diz Caroline.

Em 2006, a Arco-Íris resolveu homenagear sua própria história e seu carnavalesco genial, com o tema "20 anos dourados, sete temas consagrados e um mito lembrado", sobre as sete conquistas até ali.

No início deste ano, vieram os primeiros sinais de que algo não ia bem. Foguinho começou a passar mal foi perdendo a voz. Conseguiu acompanhar a preparação da escola até algumas semanas dos desfiles, que em Jundiaí aconteceram em abril.

Viu o vice-campeonato da Arco-Íris pela televisão. Logo após apuração, pediu para ser levado para o hospital. Morreu cinco dias depois, vítima de câncer no pulmão. "Acho que ele esperou para ver o desfile", comenta a filha.

Morreu em 27 de abril, aos 73 anos. Separado, deixou os filhos Caroline e Luiz Fernando, 37, e o neto Dylan, 6.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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