Sebastião Fernandes dos Santos nunca gostou de ser chamado pelo nome. Muito menos de Tião. Com seus cabelos ruivos e pele avermelhada, ele era o Foguinho, menino que sempre buscou transformar realidade em fantasia.
Nascido em Socorro (SP), ainda criança se mudou com a família para Jundiaí, também no interior paulista, onde descobriu o Carnaval. Como ritmista da bateria, passou a conhecer o funcionamento de uma escola de samba.
Talentoso para desenhar, se formou na Escola Pan-Americana de Artes, na capital paulista, e teve uma consolidada carreira de projetista de máquinas.
Mas era desenhando fantasias carnavalescas que se realizava. "Meu pai tinha uma criatividade muito grande para colocar as coisas no papel", afirma a filha mais velha Caroline Finardi dos Santos, 41.
A fama de seus traços correu as principais passarelas do samba, e na década de 1980 Foguinho chegou a ser contratado como auxiliar do consagrado carnavalesco Joãosinho Trinta na Beija-Flor, no Rio de Janeiro.
Também trabalhou em agremiações paulistanas, como Águia de Ouro, onde assinou como carnavalesco principal, segundo a filha, e Mocidade Alegre, sem nunca abandonar o Carnaval de sua cidade.
Foi na Arco-Íris que Foguinho se consolidou como carnavalesco completo. Eram dele o tema do enredo, as fantasias e o desenho dos carros alegóricos.
Com a sua criatividade à frente do Carnaval, onde ingressou em 1991, a Verde e Rosa ganhou 14 títulos.
"Ele gostava de fazer enredos que remetessem à história da cidade", afirma a filha sobre o pai, que seria um dos fundadores da Liga das Escolas de Samba de Jundiaí.
Entre a preparação dos desfiles e os bons empregos em indústrias, Foguinho não abria mão de frequentar bailes no fim de semana. "A paixão era o Carnaval e o hobbie, dançar, diz Caroline.
Em 2006, a Arco-Íris resolveu homenagear sua própria história e seu carnavalesco genial, com o tema "20 anos dourados, sete temas consagrados e um mito lembrado", sobre as sete conquistas até ali.
No início deste ano, vieram os primeiros sinais de que algo não ia bem. Foguinho começou a passar mal foi perdendo a voz. Conseguiu acompanhar a preparação da escola até algumas semanas dos desfiles, que em Jundiaí aconteceram em abril.
Viu o vice-campeonato da Arco-Íris pela televisão. Logo após apuração, pediu para ser levado para o hospital. Morreu cinco dias depois, vítima de câncer no pulmão. "Acho que ele esperou para ver o desfile", comenta a filha.
Morreu em 27 de abril, aos 73 anos. Separado, deixou os filhos Caroline e Luiz Fernando, 37, e o neto Dylan, 6.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.