Prefeitura de SP registrou em janeiro boletim de ocorrência por suposta vacina falsa de Bolsonaro

Documento aponta possível caso de falsidade ideológica; Ex-presidente afirma que jamais tomou o imunizante

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São Paulo

Funcionários da prefeitura de São Paulo registraram em 9 de janeiro deste ano um boletim de ocorrência após encontrarem no sistema ConecteSUS que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teria sido vacinado na cidade em julho de 2021.

No entanto, os agentes da Covisa (Coordenadoria de Vigilância Sanitária Municipal) afirmaram que o mandatário nunca esteve na UBS do Parque Peruche, na zona norte da capital, e que o município nem chegou a receber o lote da Janssen mencionado no cartão.

A vacina teria sido aplicada em 19 de julho de 2021 e registrada no sistema no dia 14 de dezembro do mesmo ano. Em 18 de julho, Bolsonaro estava na capital paulista e recebeu alta hospitalar depois de ficar cinco dias internado com quadro de obstrução intestinal.

Ex-presidente Jair Bolsonaro é alvo de operação da Polícia Federal sob suspeita de registro de vacina falso - Adriano Machado - 3.mai.2023/Reuters

No boletim de ocorrência, a gestão municipal afirma que a suposta profissional que aplicou a dose no então presidente nunca trabalhou naquela UBS. A Folha teve acesso ao registro da ocorrência.

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) tomou conhecimento deste registro no cartão de vacinação de Bolsonaro no dia 3 de janeiro, seis dias antes de o boletim de ocorrência ter sido registrado no 13º Distrito Policial (Casa Verde). O caso foi registrado como falsidade ideológica.

Nunes questionou no mesmo dia o secretário de Saúde do município, Luiz Zamarco, sobre a possibilidade de Bolsonaro ter sido vacinado em São Paulo. Ao ser informado que o presidente não tinha sido imunizado na cidade, o prefeito pediu que fosse feito um boletim de ocorrência do caso.

Como a coluna da Mônica Bergamo revelou nesta quinta-feira (4), a Polícia Federal também investiga mais este possível registro falso de vacina de Bolsonaro.

O posto de saúde já informou a Controladoria Geral da União (CGU) que o ex-presidente jamais esteve na unidade para ser vacinado e que o registro sobre a imunização com a dose da Janssen, portanto, foi fraudado.

A CGU repassou a informação à PF, que já investigava outros dois registros falsos de vacinação de Bolsonaro, em unidades de saúde da cidade de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.

Na quarta (3), a PF realizou uma operação de busca e apreensão na casa do ex-presidente em Brasília e prendeu alguns de seus principais assessores sob a suspeita de fraudar registros de imunização de Bolsonaro e de sua filha, Laura Bolsonaro.

O próprio Bolsonaro afirma que jamais recebeu qualquer imunizante para combater a Covid-19, e voltou a repetir isso depois da operação. Segundo disse, a opção por rejeitar a vacina foi tomada depois que ele leu a bula da Pfizer.

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