Descrição de chapéu chuva

São Sebastião, no litoral paulista, tem alagamentos e evacua áreas de risco

Vila Sahy, local mais afetado pela tragédia das chuvas de fevereiro, teve afetado canteiro para construção de moradias populares

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São Paulo

São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, está em estado de alerta para tragédias em decorrência de alagamentos por fortes chuvas nesta terça-feira (13). Nas últimas 24h, foram registrados 186 mm de precipitação somente na região de Juquehy.

O primeiro registro de inundação ocorreu na Barra do Sahy. Em publicação no Twitter, o prefeito da cidade, Felipe Augusto (PSDB), mostrou a situação. Moradores do bairro, além de outras áreas de risco, são incentivados a deixar suas residências.

Vila Sahy é outro ponto a registrar danos por enxurrada. O local foi o mais afetado pela tragédia das chuvas de fevereiro —que vitimaram 65 pessoas. Um canteiro da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) do Estado de São Paulo, responsável pela construção de moradias populares para os desabrigados há quatro meses, foi alagado.

Em nota, a companhia declara trabalhar em conjunto com os órgãos envolvidos nas obras para realização de macrodrenagem no terreno.

Alagamento em rua da Barra do Sahy, em São Sebastião, nesta terça (13) - Reprodução/@prefeitoFA no Twitter

Desde esta segunda-feira (12), não foi somente Juquehy a registrar chuva em grande volume. Caíram 160 mm sobre Camburi. Em Barra do Una, foram 158 mm. Os dados são do CEMADEN (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais).

O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia do Brasil) afirma que esta será a tendência para a região até a próxima sexta-feira (16). A meteorologista Andrea Ramos diz que a situação está sendo causada por uma frente fria "estacionada" no Sudeste.

Houve ainda problemas no trânsito de veículos. A rodovia Rio-Santos, uma das principais ligações entre a capital paulista e o litoral norte, teve trechos interditados em razão de deslizamento de terra e árvores. Foram bloqueados os km 158 e 175, além de parcialmente obstruído o km 172. Isso na altura de São Sebastião.

Durante o mês de fevereiro, a via ficou obstruída por uma semana para a retirada de árvores e litros de lama.

Ainda no litoral norte, Caraguatatuba também está em alerta. Lá, choveu mais de 120 mm nesta terça. Preocupada, a administração da cidade fiscaliza os bairros e envia mensagens à população via redes sociais. Até a publicação deste texto não havia pontos alagados.

Em Guarujá, litoral sul, a prefeitura emite alerta de chuvas e ventos fortes desde segunda. A cidade registrou mais de 100 mm de precipitação nesta terça. O governo do município intensifica a necessidade de atenção nas áreas de risco, como morros. Os moradores são avisados da situação via SMS. Por enquanto, não houve necessidade de retirar moradores de suas casas.

O enredo é o mesmo em outras cidades da Baixada Santista, como Santos. A cidade registra menos chuvas, mas autoridades já vistoriam áreas mais sensíveis. Nesta terça, a Defesa Civil do Estado de São Paulo emitiu alerta de ressaca marinha para toda a baixada. São previstas ondas de 2,5 metros.

CHUVAS CAUSARAM DEVASTAÇÃO EM FEVEREIRO

Durante as comemorações do último Carnaval, o litoral norte paulista era atingido por chuvas históricas. Na madrugada de 19 de fevereiro, um domingo, deslizamentos deixaram rastros de destruição e mortes. Foram 65 vítimas, divididas entre São Sebastião e Ubatuba.

Dentre os mortos estão pais, filhos, irmãos e primos. Alguns moravam nas cidades atingidas. Outros estavam de passagem, aproveitando o feriado, caso das irmãs Ana Vitória, 7, e Thaline Cordeiro, 16. Acompanhadas de dois vizinhos, também vitimados, elas visitavam o litoral pela primeira vez na vida.

Segundo o governo do estado, em menos de 24 horas o acumulado de chuva ultrapassou os 600 mm em alguns pontos do litoral. As áreas mais atingidas estão entre Bertioga (683 mm) e São Sebastião (627 mm). Tais índices pluviométricos são dos maiores já registrados no país em curto período e em situação não decorrente de ciclone tropical.

O índice pluviométrico refere-se à quantidade de chuva por metro quadrado em determinado local e período. Nesse cálculo, 1 mm de chuva equivale a 1 litro de água por metro quadrado. Assim, no caso em que o volume de chuva registrado é de 600 mm, significa que choveu 600 litros de água para cada metro quadrado.

A chuva também impactou o fornecimento de água. Segundo o governo do estado, algumas estações de tratamento foram afetadas pela enxurrada.

Dois meses após os deslizamentos, a cidade seguia com cerca de 1.400 desabrigados. Pouco mais da metade, 774 pessoas, provisoriamente em um conjunto habitacional na cidade de Bertioga. Eles aguardavam pela entrega de moradias permanentes, que devem levar ao menos seis meses para serem concluídas. O restante seguia em hotéis e pousadas da região.

Houve pessoas, no entanto, a voltar para o palco da tragédia. Elas afirmam não querer abandonar um patrimônio que custou caro. Ainda reclamam de dificuldades para acessar o auxílio-aluguel e expõem medo de perder móveis e eletrodomésticos —houve uma onda de saques nos imóveis abandonados.

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