Descrição de chapéu Obituário Elza Machado Melo (1956 - 2023)

Mortes: Foi mãe presente e referência em políticas para mulheres

Após transplante renal, Elza Machado de Melo morreu em decorrência de complicações de Covid-19

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São Paulo

Elza Machado de Melo foi exemplo de luta. Mãe solteira dos gêmeos Pedro e Lucas, ela se fazia presente tanto dentro de casa quanto profissionalmente na área de saúde.

"Não sei como ela conseguiu. Era uma questão milagrosa. Além de superprofissional, com trabalhos inovadores e importantíssimos para a sociedade, ela foi exemplar como mãe. Não tive pai, mas tive a melhor mãe do mundo", diz Pedro Romano, um dos filhos.

A mãe fez um transplante de rim em 2022. No fim do ano, foi diagnosticada com Covid-19 e internada às pressas. De lá para cá, não saiu do hospital e os filhos não deixaram que ela passasse um dia sozinha.

Elza Machado de Melo (1956 - 2023)
Elza Machado de Melo (1956 - 2023) - Leitor

Durante cinco meses, faziam um regime de 24 horas por 24 horas. Com a saúde fragilizada depois de um longo tempo no hospital, Elza morreu no dia 7 de maio, aos 67 anos. Durante o período em que esteve internada, os filhos deixaram a vida profissional de lado para se dedicarem ao tratamento da mãe.

Agora, ficam as memórias de uma pessoa descrita como alguém com alegria contagiante, competência e solidariedade. Segundo Pedro, a mãe era a primeira a chegar na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), onde trabalhava, e a última a sair.

Formada em medicina, ela não clinicava e optou pela carreira acadêmica. Fez mestrado em ciência política e doutorado em saúde pública. Entre os trabalhos que desenvolveu, dava atenção à luta pela universalização da saúde e se dedicou a projetos sociais que incluíam o combate à violência contra a mulher.

Machado Melo trabalhou à frente do desenvolvimento de iniciativas que visavam ao acolhimento de mulheres em situação de violência e vulnerabilidade. O trabalho nesta área rendeu a ela o Prêmio Bom Exemplo, concedido pela TV Globo Minas, Fundação Dom Cabral, Fiemg e pelo Jornal O Tempo, em 2018.

Ela foi professora do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina. Fora da universidade, era uma grande fã de açaí e adorava plantas.

Em um sítio da família, ela gostava de mexer com terra e de trabalhos manuais. "Ela se sentia realizada em melhorar a nossa vida e a de quem ela trabalhava do que viajar", lembra o filho.

De família de tradicional que perdeu tudo, ela conseguiu ascender socialmente. Culta, gostava de assistir a filmes e séries. Apaixonada por política, foi candidata a deputada estadual em 2018 pelo PCdoB (Partido Comunista do Brasil). Na época, não foi eleita, mas os 12 mil votos que recebeu já foram uma grande vitória para a médica.

"Nunca conheci uma pessoa igual à minha mãe e nunca vou. Amávamos ela mais que tudo. Ela passou meses lutando pela vida e foi um exemplo de resistência", diz o filho. Elza deixou os dois filhos e os diversos alunos que passaram por sua carreira.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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