Descrição de chapéu Obituário Natalino dos Santos (1971 - 2023)

Mortes: Solidário e pacifista, foi apaixonado pela família

Natalino dos Santos conversava com as plantas e tinha a construção como hobby

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São Paulo

Natalino dos Santos não queria problema e não gostava de briga. Na escola, quando os amigos partiam para alguma discussão, era ele quem se metia no meio e dava um jeito de parar a confusão. "Não vamos brigar, não. Daqui a pouco, voltamos a brincar", bradava ele.

Anos depois, Natalino formou uma família e manteve o espírito calmo. Dentro de casa, lidava com três mulheres de gênio forte: a esposa, Cirlene, 57, e as filhas Carolina, 27, e Nathalia Marins Dias dos Santos, 19. Era Natalino que continha os ânimos.

"Ele era o pacifista. Sempre batemos de frente e ele perguntava 'para quê se estressar?'", recorda a primogênita Carolina. Quando Natalino se encontrava com os amigos, só sabia falar da família. "A família era tudo para ele e agora nós perdemos o nosso tudo", diz a esposa, que passou mais de 30 anos ao seu lado.

Natalino dos Santos, 51, durante a formatura da primogênita Carolina ao lado da esposa Cirlene e a segunda filha Nathalia
Natalino dos Santos (1971 - 2023) - Leitor

A família afirma que o pai era uma pessoa que não poupava esforços para ajudar os outros, mesmo quem não conhecia.

Para os sobrinhos, ele mantinha a zoação e não tinha um Natal em que deixava de lado a piada do "é pavê ou pacumê?". Aliada ao bom humor estava a vontade de nunca ficar parado.

Carolina diz que, mesmo já com a vida mais confortável e podendo desacelerar, o pai não conseguia parar quieto. Apaixonado por construção, foi ele quem ergueu a casa em que vivia com a mulher, da fundação aos reparos finais.

Também dentro de casa, ele gostava de cuidar das plantas, com as quais gostava de conversar. Sugeria a esposa que sempre batesse um papinho com elas. "Se não conversar, elas ficam tristes, não vão ficar bonitas", dizia.

E era a esposa que ficava de cabelo em pé com a bagunça deixada pelo marido quando ele decidia construir novas coisas dentro de casa. A última vez que pôs a mão na massa foi no fim de semana anterior a sua morte, quando enfim finalizou o "cômodo da bagunça".

Orgulhoso, falou para a mulher que tudo que fazia era perfeito. Em seguida, olhou para as ferramentas da casa e disse "seus dias estão contados, viu, bagunça?"

Apesar de não ter dado tempo de organizar tudo, a família percebeu depois da morte de Natalino que ele tinha começado a colocar as tábuas dentro de casa e dado o pontapé inicial na arrumação.

De família pobre, ele demorou para terminar os estudos. Quando pequeno, costumava faltar à escola e a diretora ia até a sua casa buscá-lo para que nem ele nem os seis irmãos desistissem dos estudos. Mesmo assim, Natalino só conseguiu concluir o ensino médio já casado e com a filha.

"A missão dele era que a gente estudasse e tudo que ele fazia era para isso", afirma Carolina, que se formou em jornalismo pela USP. Segundo ela, o pai costumava guardar os jornais que saíam com seu nome. "Se sou quem eu sou, é por causa dele."

Natalino morreu no dia 29 de maio em decorrência de uma parada cardíaca. Ele deixa a mulher, Cirlene, as filhas Carolina e Nathalia, o gato e dezenas de amigos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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