Descrição de chapéu LGBTQIA+

Parada do Orgulho de São Paulo começou GLT e ganhou 11 novas letras

Sob o mote "Políticas sociais para LGBT+ por inteiro e não pela metade", evento terá sua 27ª edição neste domingo (11)

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São Paulo

A Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo chega a sua 27ª edição neste domingo (11). Em seu primeiro ano, 1997, o evento buscava celebrar a comunidade GLT (gays, lésbicas, trans e travestis) sob o lema "Somos muitos, estamos em várias profissões". De lá para cá, o público enaltecido foi ampliado em 11 novas letras.

Apesar de a primeira edição da Parada ter sido dedicada aos GLT, era a sigla GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes) difundida no Brasil para definir a comunidade não heterossexual durante os anos 1990.

Por considerar que a sigla ignorava outras orientações sexuais e identidades de gênero existentes, a ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transexuais) atualizou a nomenclatura em 2000, passando a divulgar o GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transexuais).

Bandeira do arco-íris estendida durante a 22ª edição da Parada do Orgulho LGBT+, na avenida Paulista, em São Paulo - Bruno Santos- 7.jun.2023/Folhapress

Durante a 1ª Conferência Nacional GLBT, em 2008, houve mais uma mudança. Naquela ocasião, somente de ordem. O GLBT foi transformado no célebre LGBT. A então novidade visava valorizar as lésbicas e também aproximar o termo nacional aos de outros países.

Para a comunidade, não foi o suficiente. Pouco depois, entidades do país incluíram a letra ‘Q’ para representar o grupo queer—aqueles a divergir do padrão de gênero estabelecido.

Fervorosos debates continuaram e, tempos depois, o termo LGBTQ adotou as letras ‘I’, ‘A’ e ‘P’, representando intersexuais, assexuais e pansexuais. Ainda houve a inclusão do símbolo de adição a fim de exprimir a vastidão de leituras e possibilidades de inclusões na sigla. Apesar de tentativa de agradar a todos, organizações (inter) nacionais diversificam suas abreviações.

Hoje, LGBT+ e LGBTQIA+ são os termos mais veiculados, sendo o segundo utilizado pelo governo federal. A ONU (Organização das Nações Unidas), entretanto, utiliza LGBTI. Já a ABGLT decidiu, em 2017, pela exclusão do termo queer por não considerá-lo um grupo organizado nacionalmente. A associação propaga o acrograma LGBTIA+.

"Independentemente da sigla utilizada, é importante ter a compreensão de ser o mais importante a defesa dos direitos humanos de todas as pessoas de identidades e expressões de gênero diversas da norma", diz Gustavo Coutinho, vice-presidente da ABGLT.

Conheça as definições:

Queer- Termo guarda-chuva que abrange uma ampla variedade de identidades sexuais e de gênero que não se encaixam nas categorias tradicionais. Pode ser usado por pessoas cujas identidades são fluidas, não conformistas ou em evolução.

Questionando- Os curiosos. Aqueles a explorar de maneira incipiente sua sexualidade e expressão de gênero.

Intersexuais- Pessoas que nascem com características sexuais que não se enquadram nas definições típicas de masculino ou feminino. Essas características podem ser biológicas, cromossômicas, hormonais ou anatômicas.

Não binários- Podem se identificar como uma combinação de gêneros, como agênero (sem gênero), gênero fluido (com uma identidade de gênero que pode mudar ao longo do tempo) ou podem ter uma identidade de gênero completamente fora do espectro binário.

Assexuais- Aqueles que não experimentam atração sexual por outras pessoas. No entanto, podem sentir atração romântica, emocional ou afetiva.

Aliados- Indivíduos fora da comunidade a militar pelo bem-estar dela ou membro de um grupo a dar suporte para outro.

Demissexuais- Experimentam atração sexual apenas após estabelecerem um vínculo emocional ou romântico profundo com outra pessoa

Pansexuais- Pessoas que se sentem atraídas emocional, romântica e/ou sexualmente por pessoas independentemente de seu gênero. A atração pansexual abrange todas as identidades de gênero.

Polissexuais- Grupo a sentir atração por múltiplas identidades, mas não necessariamente por todas.

Familiares- Membros de famílias de pessoas LGBT+ que prestam suporte ao indivíduo.

Kink- Termo utilizado para descrever uma ampla variedade de práticas, fantasias, interesses sexuais ou comportamentos que podem ser considerados fora do convencional. Essas práticas, sempre consentidas, podem envolver elementos de dominação e submissão, sadomasoquismo, fetiches, jogos de poder, entre outros.

Graysexuais- Pessoas que experimentam atração sexual de forma pouco frequente, em níveis mais baixos ou com intensidade variável.

A atual edição da parada terá como tema a cobrança por direitos aos mais vulneráveis. Sob o mote "Políticas sociais para LGBT+ por inteiro e não pela metade", a organização quer pressionar as autoridades por atendimento específico a esta população no Suas (Sistema Único de Assistência Social).

"A fome, a dor e a rua são mais fortes na nossa comunidade", disse Cláudia Regina Garcia, presidente da associação que promove a parada. Segundo a ativista, a criação de equipamentos e serviços especializados para a população LGBT+ na assistência social, com transferência de recursos federais aos municípios, é uma das principais reivindicações do movimento.

O desfile terá como principal apoiadora a Prefeitura de São Paulo, que destina cerca de R$ 2,5 milhões à organização do evento. A Parada também recebe recursos do setor privado por meio Proac (Programa de Ação Cultural), do governo estadual.

Empresas patrocinadoras serão responsáveis por levar atrações musicais à Paulista —artistas, como Daniela Mercury, Pabllo Vittar e Majur vão se apresentar em trios elétricos espalhados pela avenida. O início da concentração no domingo está previsto para as 10h, em frente ao Masp (Museu de Arte de São Paulo), e o desfile deve começar ao meio-dia.

Nas últimas edições, a Parada LGBT+ foi criticada por membros do movimento por dar visibilidade a marcas e empresas pouco comprometidas com a causa. Durante evento de apresentação das atrações deste ano, a coordenadora de Políticas para LGBTI+ da Prefeitura de São Paulo, Leonora Áquilla, fez uma provocação aos patrocinadores presentes.

"Precisamos de trabalho não só no mês de junho. Empregabilidade para LGBTs deve ser trabalhada o ano todo", disse.

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