Descrição de chapéu ataque a escola

Polícia diz que jovem preso em PE é mentor intelectual de ataque a escola em Cambé (PR)

Investigação aponta que envolvidos se articularam por meio das redes sociais

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Londrina

A Polícia Civil do Paraná afirma que o mentor intelectual do ataque à escola de Cambé, no norte do estado, foi o jovem de 18 anos preso em Gravatá (PE) no último dia 21. Ele e o atirador se conheceram em 2021.

Segundo os investigadores, o jovem de Pernambuco tinha um grupo que estimulava atos de violência e pagava bônus para quem cometesse atos de crueldades.

"Ele é considerado o autor intelectual e, junto com o atirador, foi o responsável, desde a segunda quinzena de dezembro de 2021, por planejar, arquitetar e trocar mensagens, equipamentos, para a prática deste ato", disse o delegado-chefe da Polícia Civil de Londrina (PR), Fernando Amarantino Ribeiro, em entrevista coletiva na manhã desta quarta (28).

Segundo Ribeiro, o atirador já havia preparado o atentado por três vezes e desistiu do ataque que faria no dia 20 de abril, data do massacre de Columbine, ocorrido em 1999, nos Estados Unidos.

0
Colégio Estadual Professora Helena Kolody, em Camé (PR), onde ex-aluno matou dois estudantes a tiros - Divulgação/Câmara Municipal de Cambé

Na manhã de 19 de junho, um ex-aluno de 21 anos entrou sozinho no Colégio Estadual Professora Helena Kolody e atirou contra dois estudantes. Karoline Verri Alves, 17, e Luan Augusto da Silva, 16, que eram namorados, morreram.

Segundo a Polícia Civil, antes de começar a disparar contra os estudantes o atirador entrou no banheiro da escola, onde ficou por quatro minutos. Nesse tempo, publicou nas redes sociais uma manifesto escrito por ele e pelo jovem apontado como mentor do ataque. Na publicação, ainda citou o bullying sofrido como motivação para o crime. Após a prisão, a polícia conseguiu derrubar o perfil dele no Facebook.

Ainda no banheiro, o atirador vestiu uma capa preta, segundo a investigação. O traje foi repassado a ele por outro suspeito (de 21 anos, preso em Rolândia), como num rito de passagem.

Além de entregar a vestimenta, este terceiro envolvido na "célula" deu suporte ao atirador e tinha conhecimento do dia do ataque, afirmou o delegado-chefe. Ele passou o período "entrando na mente do atirador para que ele não perdesse o foco", acrescentou.

De acordo com o delegado de Cambé, Paulo Henrique Costa, responsável pelo inquérito, foi "tudo planejado via aplicativos e inspirado em atos cruéis compartilhados na deepweb".

"Todos alegam ser vítimas de bullying. A questão da perversidade fica clara, eles falam muito em mortes, suicídios, psicopatias, serial killer, e buscam esses ataques como símbolos e [os autores como] heróis", diz Costa.

"Na deepweb eles vão tratando questões como a construção de artefatos explosivos, compra de munições, compra de armas, de como eles vão agir. Buscam muitas informações de como vão se esquivar da segurança", continua o delegado.

Após o ataque, cinco suspeitos foram presos.

O atirador foi preso em flagrante após o crime e levado para a Casa de Custódia de Londrina, cidade vizinha. Um dia depois do ataque, a Sesp (Secretaria de Estado da Segurança Pública) informou que ele foi encontrado morto na cela. Há suspeita de suicídio, mas as investigações estão em curso.

Na mesma unidade prisional estava detido o outro homem de 21 anos suspeito de ajudar no plano de ataque à escola. Ele foi preso ainda na noite do dia 19, data do crime. No último final de semana, ele passou por uma avaliação médica e, na manhã de segunda (26), foi encaminhado para o CMP (Complexo Médico Penal), na região metropolitana de Curitiba.

No dia 21, o terceiro jovem foi preso em Gravatá (PE), hoje apontado como mentor intelectual dos crimes pelos investigadores.

O quarto suspeito de envolvimento no ataque, um homem de 35 anos, foi preso no dia 23, em Rolândia. A quinta prisão foi de um homem de 39 anos, também em Rolândia, no dia 26. Os dois foram detidos pela venda da arma usada no crime, mas não teriam conhecimento de como ela seria utilizada, segundo o delegado Paulo Henrique Costa.

DIA DO CRIME

Ex-aluno da escola Helena Kolody, o estudante saiu do colégio com 12 anos, em 2014. Lá, segundo ele, era vítima de bullying de estudantes maiores, o que teria motivado o ataque. A ideia, segundo os investigadores, surgiu há quatro anos, quando passou a planejar o atentado contra alunos de 15 e 16 anos.

"Em 2021, ele conheceu o rapaz de Gravatá e a partir dali passou a se dedicar de forma mais incisiva na execução do seu plano", relatou Ribeiro, delegado-chefe da Polícia Civil de Londrina.

Em maio, o ex-aluno entrou na escola com a justificativa de pedir o histórico escolar para "fazer um levantamento do local" e foi até o banheiro. Nove dias antes do atentado, comprou uma machadinha. A arma calibre 38 e as munições foram adquiridas em abril.

Segundo o delegado-chefe, o atirador permaneceu por quatro minutos no banheiro, onde postou nas redes sociais um manifesto. "Ali, ele conta a motivação do delito, fala da ira dele contra os jovens que praticaram o bullying contra ele, também fala sobre a revolta contra o estado opressor e conta a passagem dele e treinamento de tiro", disse Ribeiro.

O delegado ainda comentou que, no momento do intervalo, ele passou pelas crianças de 11 e 12 anos de maneira indiferente, pois elas não seriam alvos da vingança contra o bullying.

Ainda segundo Ribeiro, ele foi até as outras salas, teve dificuldade de acesso, e a arma apresentou uma pane, de não municiar. Foi neste momento, com a arma em cima da mesa de ping-pong, que o piscineiro Joel de Oliveira, 62 anos, entrou na escola e, após dizer que era policial, o atirador se entregou. Segundo o delegado-chefe, o botão de pânico foi acionado pela escola, o que facilitou a chegada da Polícia Militar ao local em cerca de três minutos.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.