Fontes radioativas de césio-137 desaparecem de empresa em Minas Gerais

Material é o mesmo do acidente em Goiânia há 36 anos, mas comissão diz que risco de exposição é menor; polícia apura extravio

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Belo Horizonte

Duas fontes radioativas de césio-137 desapareceram da unidade de minerais críticos da mineradora AMG Brasil no município de Nazareno, região sul de Minas Gerais, a 240 quilômetros de Belo Horizonte.

A Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear) informou que vai enviar nesta quarta (5) equipe da Diretoria de Radioproteção e Segurança para acompanhar a situação no município.

Outra equipe da comissão, formada por técnicos do CDTN (Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear), outro órgão federal, está na cidade levantando informações sobre as ações tomadas pela empresa.

A foto mostra medidor que utiliza Césio-137.
Medidor de densidade que utiliza a fonte de césio-137; Polícia Civil de Minas Gerais foi acionada para investigar o desaparecimento de fonte radioativa utilizada por mineradora do sul do estado - CGMI/Cnen via Agência Brasil

O césio-137 é o mesmo material de cápsula encontrada em Goiânia em 1987 por catadores de lixo em terreno do IGR (Instituto Goiano de Radiologia), no maior acidente radioativo do país, que provocou a morte de quatro pessoas, lesões em pelo menos 16 e contaminação em 200.

A Cnen afirma ter sido informada pela empresa do desaparecimento das cápsulas, que são seladas, na quinta (29). A mineradora disse ainda à comissão que havia a possibilidade de o material ter sido furtado.

"Com atividade individual de 5 mCi [milicurie, medida de radioatividade], compunham equipamentos medidores de densidade, sendo classificadas como de categoria 5, de baixo risco. Vale ressaltar que um milicurie (mCi) equivale a um milésimo de um Curie", explica o comunicado.

Apesar do baixo risco, a Cnen afirma ser importante a localização das cápsulas para prevenir exposições.

"Tais fontes, apesar de serem de césio-137, têm atividade cerca de 300 mil vezes menor do que aquela do acidente de Goiânia", diz a comissão.

"Além disso, essas fontes são confeccionadas em material cerâmico, ou seja, mesmo que fossem violadas em seus invólucros duplos de aço inox não seriam espalháveis como foi a fonte do acidente de 1987", afirma a Cnen, ressaltando que desta vez não são esperados efeitos severos à saúde pelo contato com a substância.

A Polícia Civil de Minas Gerais também foi acionada para investigar o desaparecimento das cápsulas.

A corporação disse ter instaurado procedimento "para apurar ocorrência de extravio de equipamento registrada em uma mineradora em Nazareno. Conforme o registro, duas fontes de césio-137, ambas pertencentes a equipamentos medidores de densidade, não foram encontradas no local".

A mineradora AMG afirma que as fontes podem ser identificadas por seu formato e aparência. "Elas são revestidas de aço inoxidável e possuem uma blindagem interna de chumbo e uma externa de aço inoxidável, resistente a impactos", explica.

"Elas possuem uma atividade 275 mil vezes menor do que a de alguns aparelhos de radioterapia. No entanto, a AMG alerta que o manuseio inadequado por pessoas não autorizadas pode acarretar algum risco à saúde", diz a empresa.

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