Lula diz que pretende fechar clubes de tiro particulares

Em live nas redes sociais, presidente disse que devem ser mantidos os espaços que pertencem à polícia e ao Exército

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Brasília

O presidente Lula (PT) afirmou nesta terça-feira (25) que pretende fechar todos os clubes de tiro do país e deixar aberto apenas espaços desta natureza que são das polícias Militar e Civil ou do Exército.

O mandatário disse que não está preparando uma revolução e que, por isso, o armamento é desnecessário. Afirmou, ainda, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez decretos para liberação de armas para agradar o crime organizado.

"Eu, sinceramente, não acho que um empresário que tem um lugar para praticar tiro é um empresário. Eu, sinceramente, não acho. Eu já disse para o Flávio Dino [ministro da Justiça]: nós temos que fechar quase todos, só deixar aberto aqueles que são da Polícia Militar, do Exército ou da Polícia Civil", afirmou em live nas redes sociais.

Lula no lançamento do Programa de Ação na Segurança, no Palácio do Planalto - Marcelo Camargo/Agência Brasil

Segundo o petista, "é a organização policial que tem que ter lugar para atirar, para treinar tiro", e não a sociedade brasileira.

"Nós não estamos preparando uma revolução. Eles tentaram preparar um golpe, ‘sifu’. Nós não. Nós queremos é preparar a democracia", disse.

Ele questionou o objetivo de um cidadão que quer portar uma pistola 9 milímetros. "O que vai fazer com essa arma? Vai fazer coleção? Vai brincar de dar tiro? Porque no fundo, no fundo esse decreto de liberação de armas que o presidente anterior fez era para agradar ao crime organizado, porque quem consegue comprar é o crime organizado e gente que tem dinheiro. Pobre trabalhador não está conseguindo comprar comida", afirmou.

Com as flexibilizações no governo Bolsonaro, o número de clubes de tiros no país cresceu nos últimos anos. Segundo dados do Exército obtidos via LAI (Lei de Acesso à Informação), o Brasil tinha 151 estabelecimentos do tipo no final de 2019. No fim de 2022, esse número tinha aumentado para 2.308 clubes de tiro, de acordo com o Instituto Sou da Paz.

No último sábado (22), a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), afirmou que apresentaria um projeto de lei para banir os clubes de tiro e os registros dos CACs (caçadores, atiradores e colecionadores), categoria mais beneficiada por normas editadas no governo Bolsonaro.

A parlamentar disse que o PT sempre se posicionou contra o armamentismo e que já solicitou para a sua equipe um levantamento sobre legislação relacionada ao tema.

Na tarde desta terça-feira, após o pronunciamento de Lula, o presidente do Proarmas, o deputado federal Marcos Pollon (PL-MS), rebateu e chamou de "decreto da calamidade" as novas normas de acesso a armas no país.

Apoiador de Jair Bolsonaro (PL), o parlamentar disse que espera conseguir apoio no Congresso para derrubar as novas regras.

"Tem um lado que nos dá um pouco de esperança: o governo errou a mão, foi com muita sede ao pote, fez um decreto drástico, absurdo porque todos entendiam que era razoável algo parecido com o que havia no governo anterior da Dilma [Rousseff], mas ele [Lula] vem e faz uma intervenção drástica, absurda, que praticamente vai extinguir o segmento no Brasil", disse Pollon em um vídeo publicado em seu canal do Youtube.

No vídeo, o deputado afirmou que o decreto tem vários pontos problemáticos, mas não detalhou quais seriam. Ele cita apenas a possibilidade de confisco das armas, algo que não está no decreto.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse, na sexta-feira (21), que o governo federal fará um programa de recompra de armas, mas as normas desse projeto ainda vão ser definidas.

Até o momento, a pasta trabalha com a hipótese dos donos de armas entregarem seus equipamentos de forma voluntária. Mas Dino não descartou a possibilidade de criar regras no futuro que obrigue que os armamentos sejam entregues.

O decreto de Lula cria mais restrições para o acesso a armas no país, revertendo a política de crescente flexibilização observada ao longo da gestão Bolsonaro.

O decreto passa para a PF (Polícia Federal) a responsabilidade sobre a fiscalização dos chamados CACs (caçadores, atiradores e colecionadores). Até então, essa atribuição ficava com o Exército.

Outra mudança é a significativa redução do limite de armas por pessoa. Sob Bolsonaro, um atirador podia ter até 60 unidades (sendo 30 classificadas como de uso restrito das forças de segurança e Forças Armadas). Agora, o número cai para 16 (sendo 4 de uso restrito).

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