Descrição de chapéu Obituário Stjepan Pilat (1929 - 2023)

Mortes: Croata, aprendeu português sozinho e cultivou orgulho pela família

Honesto e sincero, valorizou a vida e foi companheiro de todos que viveram ao seu redor

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São Paulo

"Você é meu orgulho", costumava dizer Stjepan Pilat para a família, em croata. Ele, que nasceu na Croácia, veio para o Brasil aos 27 anos em meio à Segunda Guerra Mundial, após lutar em algumas batalhas na região.

No Brasil, tinha poucos integrantes da família, mas logo se estabeleceu e, sozinho, conseguiu aprender a ler e escrever em português. Por aqui, só se esqueceu do idioma quando já estava com 67 anos. À época, sofreu um infarto, perdeu os sinais vitais por alguns minutos e, quando acordou, só se lembrava de como falar em croata, mas logo recuperou a memória.

Aplicado e autodidata, Pilat aprendia por observação mesmo tendo cursado apenas até o fundamental e feito cursos técnicos. Ainda enquanto vivia na Croácia, começou a se interessar por máquinas, costumava acompanhar engenheiros e fazer reparações em maquinário.

Stjepan Pilat (1929 - 2023)
Stjepan Pilat (1929 - 2023) - Arquivo Pessoal

Quando imigrou, trouxe consigo o gosto pelo setor industrial e seguiu aprendendo. Aos poucos, foi recebendo pedidos de consertos. Até que abriu uma empresa de misturadores, maquinário responsável pela fabricação, por exemplo, de tintas e sorvetes.

Ele nunca deixou o envolvimento com a comunidade croata. Durante uma missa, conheceu Maia, com quem viria a se casar e construir uma família.

Nos primórdios do namoro, ela tinha uma viagem agendada para a Argentina e ouviu do amado que, se fosse, ele retornaria para a Croácia. Na dúvida, ela preferiu ficar para ver se o relacionamento vingaria. Anos depois, ele brincava que foi um blefe e que não deixaria a amada no Brasil. Foram casados por quase 70 anos, tiveram duas filhas, Sonia e Carla, e quatro netos, Marcela, Victoria, Eduardo e Caio.

Aos 87 anos, ele decidiu escrever um livro sobre sua vida e contou com a ajuda da neta Marcela para escrever o prólogo do "Stjepan Pilat: A Vida de Um Croata-Brasileiro".

"Ele tinha muito orgulho desse livro e costumava distribuir exemplares", diz a neta, lembrando que o avô, apesar de não ser muito ligado à astrologia, cultivava um espírito "muito sagitariano, com espírito da liberdade, vontade de fazer coisas novas, viajar, passear e tirar fotos".

Por vezes, fazia caras e bocas de bravo e podia deixar as pessoas ao seu redor na dúvida se estava, de fato, irritado ou se era apenas brincadeira. "Ele fazia cara de mau, de bravo, mas era um fofão. Quando começavam a conversar, ele abria um sorriso que derretia todo mundo", lembra Marcela.

Em uma das gracinhas, lembra a neta, Pilat costumava agradecer quando alguém fazia algum favor e emendava: "Espero que Deus te pague porque eu não tenho dinheiro".

Pilat morreu no dia 6 de julho aos 93 anos após complicações de uma pneumonia.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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