Descrição de chapéu Folhajus

Justiça condena policiais que torturaram casal com saco plástico

Policiais de Novo Hamburgo (RS) receberam sentença de dez anos de prisão; defesas deles disseram que vão recorrer

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Porto Alegre

A Justiça Militar do Rio Grande do Sul condenou dois policiais militares por torturarem, roubarem e ameaçarem um casal em um bar em janeiro deste ano.

O episódio ocorrido em um estabelecimento de Novo Hamburgo (RS), a cerca de 45 quilômetros de Porto Alegre, veio a público com a divulgação nas redes sociais de um vídeo que mostrava um dos policiais colocando um saco plástico na cabeça de uma mulher algemada.

A filmagem foi feita por uma terceira pessoa, pela fresta de uma porta que dava para o interior do bar.

João Victor Alves Viana, 30, e Leanderson Silva, 25, ambos à época do 3º Batalhão de Polícia Militar de Novo Hamburgo, foram sentenciados nesta segunda-feira (21) a 10 anos, 1 mês e 10 dias de prisão em regime fechado. As defesas dos dois policiais pretendem recorrer da decisão.

Eles já estavam presos preventivamente em razão de terem ameaçado as vítimas após o crime.

Em abordagem no dia 1º de janeiro, PMs cobrem cabeça de mulher com sacola em Novo Hamburgo (RS).
PM cobre cabeça de mulher com sacola em Novo Hamburgo (RS) durante abordagem em janeiro deste ano - Reprodução/Redes sociais

A abordagem ocorreu na noite de 1° de janeiro de 2023, um domingo, no bairro São José. O casal tomava cerveja no local com outros dois amigos quando os policiais chegaram, apontaram uma arma para a cabeça do homem e obrigaram o casal a entrar no estabelecimento.

Os dois amigos saíram do local enquanto os PMs, a portas fechadas, agrediram o casal durante um interrogatório em que pediam informações sobre supostas drogas e dinheiro.

Conforme a sentença, proferida pelo juiz Francisco José de Moura Müller, o homem "foi algemado pelos denunciados, colocado de joelhos, agredido e asfixiado com um saco de plástico em sua cabeça, enquanto os agentes o questionavam sobre a localização de drogas e de dinheiro".

Sem que ele revelasse nada, os denunciados passaram a asfixiar a mulher na sua frente para que o marido falasse, momento que foi captado em vídeo.

Ainda conforme a sentença, nesse momento os policiais perceberam que alguém os filmava e saíram do local rapidamente. Na saída, levaram R$ 250 em dinheiro e bebidas, mas deixaram uma pistola e um colete a prova de balas no local. Momentos depois, eles teriam voltado ao local para buscar os equipamentos e dito aos presentes que morreriam se o vídeo vazasse.

A conclusão do juiz é de que os policiais, "em comunhão de esforços e acordo de vontades, constrangeram as vítimas com emprego de violência e grave ameaça exercida com uma pistola, causando-lhes sofrimento físico e mental".

O texto da sentença conclui ainda que, "lamentavelmente, jovens policiais militares que juraram defender a lei e proteger a sociedade, aproveitaram-se de suas funções para praticar crimes graves", nas palavras do juiz, "desonrando a farta da nossa valorosa Brigada Militar".

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