Descrição de chapéu violência

Litoral de SP tem aumento de roubos e furtos no 1º semestre

Apreensão de armas por forças de segurança cresceu 7,5% na região

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São Paulo

Cidades do litoral paulista, de norte a sul, registraram aumento de roubos e furtos nos primeiros seis meses deste ano, em comparação com o mesmo período de 2022.

O número de vítimas em homicídios dolosos (quando há intenção por parte de quem comete o crime) no primeiro semestre em Caraguatatuba, Cubatão, Itanhaém, Mongaguá também supera o verificado no mesmo intervalo em 2022 nessas cidades. Foram, respectivamente, 19, 7, 8 e 4 vítimas.

Embora os dados da SSP (Secretaria da Segurança Pública) sejam do primeiro semestre, cidades da Baixada Santista e também do litoral norte viram a tensão aumentar após a morte de um soldado da Rota, da Polícia Militar, no fim de julho. Depois desse caso, a PM desencadeou uma operação na região e 22 pessoas morreram.

policiais circulam armados por rua de bairro
Policiais militares na Vila Baiana, em Guarujá, durante Operação Escudo - Danilo Verpa - 31.jul.23/Folhapress

A Folha reuniu informações de Bertioga, Caraguatatuba, Cubatão, Guarujá, Ilhabela, Itanhaém, Mongaguá, Peruíbe, Praia Grande, Santos, São Sebastião, São Vicente, Ubatuba. Ao todo, as cidades acumularam 7.678 ocorrências de roubo e 18.863 de furto no primeiro semestre deste ano, com aumentos, em relação ao mesmo período do ano passado, de 20,2% e 11,6%, respectivamente.

Os furtos caíram em Caraguatatuba, Peruíbe, São Sebastião e Ubatuba, e os roubos, em Caraguatatuba, Itanhaém, Peruíbe, Praia Grande e São Sebastião.

Segundo a SSP, as mortes nos Deinter (Departamentos de Polícia Judiciária de São Paulo Interior) 1 e 6, que englobam outras cidades além daquelas nas faixas litorâneas do norte e do sul do estado, caíram 20,5%, com 60 casos a menos no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. A pasta cita investimentos em tecnologia e capacitação dos agentes para o trabalho de investigação.

"Uma das medidas é o Sistema de Informação e Prevenção aos Crimes Contra a Vida (SPVida), que analisa os indicadores criminais e auxilia as equipes na elaboração de planos de ação com o objetivo de reduzir o número de mortes."

Ainda, disse que deteve ou apreendeu 10.642 infratores e que apreendeu 921 armas de fogo —um aumento de 7,5% na apreensão de armamento para a região em relação a 2022.

Para Rafael Alcadipani, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas) e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os furtos e roubos nas cidades litorâneas podem estar ligados ao movimento de turistas e à falta de um plano de longo prazo de policiamento.

"Precisaríamos analisar dias e horários, mas nos fins de semana tende a haver um aumento dessas pessoas que vão ao litoral, que podem ter posses e gerar essas oportunidades de crime", disse o pesquisador. "Mas há uma desguarnição de policiamento, que é reforçado nas operações verão ou como agora, na Operação Escudo, mas faltam efetivos de polícia Civil e Militar. Não vemos uma articulação entre as forças de segurança e as cidades, num plano de longo prazo."

Os homicídios, segundo Alcadipani, estariam ligados ao universo do tráfico de drogas. "O PCC tem comando no litoral, muitos homicídios são ligados aos tribunais do crime, a dívidas de droga ou mesmo a conflitos interpessoais."

Em Itanhaém, que teve oito vítimas de homicídio contra seis no primeiro semestre de 2022 e viu os furtos crescerem 29,4%, a prefeitura inaugurou em abril o Novo COI (Centro de Operações e Inteligência), que integra 1.141 câmeras instaladas nos últimos três anos. Vinte e seis delas fazem leitura de placas e identificam veículos roubados. Ainda, a Guarda Civil Municipal da cidade criou uma divisão ostensiva e contratou 50 agentes em 2023.

Cubatão, que também criou um centro de operação de câmeras de segurança, afirmou que as vítimas de homicídios "são decorrentes, principalmente, de conflitos entre marginais". Ainda, disse que um dos principais tipos de crimes na região são os roubos de carga, como grãos, das ferrovias.

A administração afirmou, sem detalhar, que outras ocorrências caíram no primeiro semestre do ano, em parte pelo início da operação da GCM, em setembro do ano passado. "A Prefeitura tem combatido a criminalidade agindo de maneira integrada com as Polícias Civil e Militar, aumentando o número de policiais da Operação Delegada, melhorando a remuneração àqueles que participam desta Operação", disse, em nota, a administração municipal.

As câmeras também estão presentes em Mongaguá, que criou uma ronda ostensiva da GCM. O governo municipal afirmou, em nota, que tem pedido ao governo do estado o aumento do efetivo de policiais para a cidade e para toda a região da Baixada Santista.

Para a socióloga Isabela Vianna Pinho, que pesquisa o tráfico de drogas na Baixada Santista, as dinâmicas de crimes locais têm mudado, ao menos na percepção das pessoas, como o roubo de cargas, que ganhou força nos últimos anos. "Se você olha para lugares estratégicos para a circulação de droga, a tendência é que não sejam violentos para não chamar a atenção. O que pode estar acontecendo é uma disputa mercantil", afirmou sobre os crimes de roubo e furto e sobre a sensação de insegurança.

VEJA OS DADOS DO 1º SEMESTRE POR CIDADE

Cidade Ano Vítimas/homicídio doloso Roubos Furtos
Bertioga 2023 3 206 852
2022 3 144 688
2021 4 159 486
Caraguatatuba 2023 19 191 823
2022 17 196 857
2021 14 142 809
Cubatão 2023 7 221 754
2022 6 171 608
2021 8 207 813
Guarujá 2023 11 1.692 2.225
2022 13 1.106 2.067
2021 4 1.361 1.751
Ilhabela 2023 1 11 265
2022 1 9 236
2021 2 9 194
Itanhaém 2023 8 297 1.425
2022 6 314 1.101
2021 8 381 1.237
Mongaguá 2023 4 362 1.181
2022 1 344 831
2021 6 269 747
Peruíbe 2023 4 206 705
2022 4 210 1.144
2021 7 217 766
Praia Grande 2023 13 1.446 3.620
2022 15 1.456 2.988
2021 7 1.173 2.423
Santos 2023 4 1.307 3.332
2022 6 1.144 2.903
2021 10 842 2.474
São Sebastião 2023 1 68 504
2022 10 73 594
2021 6 82 500
São Vicente 2023 10 1.511 2.296
2022 12 1.105 1.984
2021 13 851 1.653
Ubatuba 2023 4 160 881
2022 14 114 900
2021 8 130 594

Fonte: Secretaria da Segurança Pública de São Paulo

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