Descrição de chapéu Obituário Moysés Worcman (1932 - 2023)

Mortes: Jornalista e engenheiro, foi um homem à frente de seu tempo

Moysés Worcman esteve sempre ligado às últimas tecnologias disponíveis

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Nira Worcman

Quem conviveu com Moysés Worcman, mesmo por um tempo mínimo, teve o privilégio de ter ao seu lado um homem íntegro, brincalhão e generoso.

Filho de imigrantes poloneses judeus, que vieram ao Brasil com o crescimento do antissemitismo na Europa, foi jornalista desta Folha quando ainda cursava engenharia civil na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.

Com a ajuda de um tio, completou seus estudos fundamentais e começou a trabalhar cedo, colaborando com o sustento da família e ajudando quem precisasse.

Formou-se engenheiro civil em 1954 e abriu seu escritório no Bom Retiro, bairro onde morava. Foi um dos primeiros engenheiros a ter um computador pessoal no Brasil, um Radio Shack TRS - 80, aquele de tela verde, trazido dos Estados Unidos por um piloto da Varig. Com ele, criou um programa que calculava o número de tijolos necessários para cada construção, o que evitava sobras, tornando o empreendimento mais econômico. Dezenas de prédios, casas e até um shopping center foram construídos com a utilização desse programa.

Moysés Worcman (1932 - 2023) e a filha Nira
Moysés Worcman (1932 - 2023) e a filha Nira - Arquivo pessoal

Esse pioneirismo com o computador e as novas tecnologias nunca o deixaram para trás, mas sim apresentavam oportunidades e aprendizados infinitos.

Até os dias atuais, era o primeiro da família a descobrir aplicativos interessantes, ensinando todos os que queriam aprender como usá-los. Com aplicativos de localização, sabia onde cada membro da família estava, mesmo se em outro país. Ria quando era notificado às 5h da manhã de que alguma neta acabava de chegar em casa e, no dia seguinte, ele comentava, brincando, que a festa deveria ter sido muito boa.

Muito antes dos apps e do Waze, adorava explorar os caminhos da cidade para se perder e depois se encontrar. Acabou sendo um homem bem viajado, conhecendo todos os continentes. Quando começou a ter dificuldades para andar, passou a preferir explorar o mundo sem sair de casa com o Google Earth e as notícias que lia.

Essa curiosidade nunca o deixou. Até aprendeu a jogar Pokémon Go, que era modinha uma época, para não ficar por fora. E, com sua bisneta, aprendeu a editar vídeos no tablet, ela com nove anos e ele com 90.

Difícil encontrar uma pessoa que é uma unanimidade entre todos os que o conheceram, uma pessoa de bem com a vida, com um ótimo senso de humor, dono de um sorriso único e de uma risada escandalosamente gostosa.

Mesmo com todas as maldades que o tempo traz, dificuldade para andar, para ouvir, médicos para lá e para cá, reclamava pouco, lidando de forma serena e tranquila com todas as suas limitações. Nunca se cansou de ler e de aprender coisas novas. Muito recentemente, fez um curso de Python, uma linguagem de programação de alto nível.

Na sua última noite de vida, na UTI do hospital, pediu para brincar de Termo, um joguinho no celular. Dormiu e não acordou mais. Morreu aos 91 anos, no dia 5 de agosto. Ele deixa a mulher, Rosa Broner Worcman, os filhos Dina Beatriz, Alberto e Nira Worcman (que também foi jornalista desta Folha), os netos Daniel, Iuri, Julia, Dalia e Gael; e os bisnetos Gabriela, Rafael e Michel, além de seu irmão Israel.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

Veja os anúncios de mortes

Veja os anúncios de missa

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.