Descrição de chapéu violência

Operação da polícia avança para litoral norte de SP após ataque a PMs em Caraguatatuba

Caso ocorreu nesta quarta (2) e foi registrado como tentativa de homicídio contra dois policiais; ninguém ficou ferido

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Guarujá (SP) e São Paulo

Dois policiais militares que estavam em uma viatura foram alvos de tiros durante atendimento a uma ocorrência na tarde desta quarta-feira (2), em Caraguatatuba, no litoral norte de São Paulo, de acordo com a SSP (Secretaria da Segurança Pública).

Por causa do ataque, diz a pasta, a Operação Escudo avança agora para a região. A operação foi deflagrada pela Polícia Militar de SP após a morte do soldado da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) Patrick Reis, no dia 27. Ao menos 16 pessoas foram mortas durante a operação em Guarujá e Santos, segundo informações confirmadas nesta quarta.

A Ouvidoria das Policias apura que o número pode ser ainda maior. O órgão recebeu denúncia de 19 mortes causadas por policiais, mas ainda está apurando os casos.

A SSP afirma que os dois PMs, de 39 e 40 anos, foram vítimas de tentativa de homicídio após serem chamados via Copom (Centro de Operações da Polícia Militar) para atender a uma ocorrência em que suspeitos estariam armados no Conjunto Habitacional Nova Caraguá 1. Segundo a pasta, os policiais foram alvos de tiros no local e revidaram, mas os criminosos conseguiram fugir. Ninguém se feriu.

Viatura da PM ficou com marca de tiro - Reprodução/TV Globo

O caso foi registrado como tentativa de homicídio na Delegacia de Caraguatatuba, que investiga o caso. O 20º BPM/I (Batalhão de Polícia Militar do Interior), então, deflagrou a Operação Escudo na região para tentar localizar os autores. Diligências estão em andamento.

A operação, que deve ser mantida por um mês na Baixada Santista, já é a mais letal desde o massacre do Carandiru. Entre os mortos estão um homem considerado indigente, um garçom e um ajudante de pedreiro.

Representantes de movimentos sociais, além de alguns políticos de esquerda, fizeram centro de São Paulo uma manifestação contra a operação no litoral.

O ato reuniu cerca de 500 pessoas, em frente à Secretaria da Segurança Pública, na região da República.

O trânsito no entorno foi interditado, inclusive no viaduto do Chá, onde fica a prefeitura.

Em um pequeno carro de som, houve revezamento de discursos contra o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que foi chamado de "mão de sangue".

A vereadora Luana Alves (PSOL) afirmou ter ido com uma comissão ao Guarujá, na terça-feira (2), e que ouviu relatos de mulheres que estão indo buscar seus maridos no trabalho, com medo que sejam mortos pela polícia.

"Estamos vendo um terrorismo de Estado", afirmou ao microfone.

A ação da polícia acumula críticas por indícios de excessos, como relatos de tortura e ameaças contra a população local. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, têm rebatido as acusações. Enquanto o mandatário se disse satisfeito, Derrite afirmou que relatos de abusos e torturas não passam de narrativa.

A ação da polícia na Baixada Santista é uma resposta à morte do soldado Reis, em Guarujá, em um crime que gerou comoção entre os agentes. Após o caso, o governo paulista deu início à Operação Escudo, envolve agentes de todos os 15 batalhões de operação especiais do estado. São cerca de 3.000 PMs, além de pelotões do Choque e do efetivo local.

A ação inicialmente se concentrou em Guarujá, e depois foi estendida para o resto da Baixada Santista. Entre as 16 mortes confirmadas até o momento, há casos em Guarujá e em Santos.

O suspeito de ter efetuado o disparo que matou Reis se entregou na zona sul da capital paulista na noite de domingo.

Mesmo assim, a operação no litoral ainda deve durar até o fim do mês, disse o governo. Tarcísio prometeu o aumento do efetivo policial de forma permanente na região da Baixada Santista e a abertura de uma nova unidade da PM.

Até esta quinta (3), a operação prendeu 84 pessoas. Deste total, 54 foram presos em flagrante e 30 são foragidos da Justiça que foram capturados. Quatro adolescentes também foram apreendidos, segundo a SSP.

A Defensoria Pública de São Paulo pediu em ofício na quarta que o governo paulista pare imediatamente com a operação.

No ofício, as defensoras públicas Fernanda Balera, Surrailly Youssef e Cecilia Nascimento, coordenadoras do NCDH (Núcleo Especializado de Cidadania e Direitos Humanos) recomendaram que a Secretaria da Segurança Pública adote providências necessárias para que "a ação seja imediatamente interrompida" ou, "caso haja alguma excepcionalidade que a justifique", que seja devidamente apresentada por escrito, ao Ministério Público, inclusive com a identificação dos responsáveis pelo comando da operação.

As defensoras ainda solicitam o uso de câmeras corporais nos uniformes de todos os policiais militares e civis envolvidos na operação, para que as abordagens sejam capturadas e passem por controle pelas autoridades competentes.

Em São Paulo, as câmeras corporais não são usadas pela Polícia Civil, apenas por policiais militares.

Na terça-feira (1º), o parente de um dos mortos em Guarujá ouvido pela reportagem disse que os policiais do Baep (Batalhão de Ações Especiais da PM) não usavam o dispositivo para gravação de imagens.

Também na terça, o governador afirmou que imagens das câmeras corporais dos agentes serão utilizadas para investigar eventuais abusos.

As defensoras ainda recomendam o afastamento temporário das funções de policiamento ostensivo dos agentes envolvidos em mortes nas operações, que haja oferecimento de acompanhamento psicológico ou terapêutico a eles e que seja feita a preservação dos locais das ocorrências, com a finalidade de garantir investigação.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública afirmou que tem ampliado a interlocução e compartilhamento de dados com diversas instituições, incluindo o Ministério Público e a Defensoria Pública, com o objetivo de aperfeiçoar as ações na área da segurança pública.

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