Suspeito de liderar milícia queria matar chefe do CV e vendia armas, diz investigação

Peterson Luiz de Almeida foi preso nesta quarta (30) no RJ; defesa não respondeu

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Rio de Janeiro

Suspeito de liderar uma milícia em Sepetiba, na zona oeste do Rio de Janeiro, Peterson Luiz de Almeida articulou em mensagens o assassinato de um líder do Comando Vermelho e negociou fuzis, diz investigação da Polícia Federal.

Almeida foi preso na noite desta quarta (30), em uma ação conjunta da DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes) federal e do Gaeco (Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado). A reportagem entrou em contato com o escritório de advocacia cadastrado como sua defesa no Tribunal de Justiça, mas não obteve resposta até a publicação.

homem negro, jovem, cabelos curtos
Peterson Luiz de Almeida, apontado como líder da milícia - Reprodução

As mensagens que supostamente o envolvem com a milícia foram encontradas a partir da apreensão de celulares encontrados com Rodrigo Santos, o Latrell, preso em São Paulo, em março de 2022. Santos é apontado como outro líder da milícia. Na ocasião da sua prisão, ele afirmou aos investigadores que havia saído da quadrilha.

Mas, segundo a investigação, quando Santos soube naquele mesmo mês que um líder do Comando Vermelho havia deixado o Complexo Penitenciário de Bangu, na zona oeste do Rio, ele passou a arquitetar com Almeida uma forma de matá-lo.

O alvo seria Rodrigo Barbosa Marinho, o Titio Rolinha, morto em operação policial meses depois. Marinho estava no crime havia 25 anos e, após cumprir 11 anos de prisão, recebeu um benefício por bom comportamento, mas deveria retornar à cadeia. No entanto, descumpriu o acordo e passou a ser foragido. Ao ser morto, em confronto com a Polícia Militar, portava um fuzil.

De acordo com os investigadores, havia o receio de que Marinho tentasse retomar pontos do tráfico que haviam sido invadidos por milicianos, entre eles a Favela do Rodo, também na zona oeste.

Nas mensagens, Almeida diz a Santos que recebeu uma informação de que Marinho estava na Vila Kennedy, favela do tráfico próximo ao presídio. Santos, então, responde: "Querendo ou não, esse cara tem dinheiro para investir. Ele vai ser o zero um do Comando Vermelho. Vai dar problema".

Em seguida, os suspeitos articulam de pagar possíveis informantes. O objetivo seria realizar um ataque ao traficante quando ele saísse da favela. "Dá para resolver atravessando, mané. [...] Tinha que ter alguém na visão do carro. Dava para enguiçar no caminho", diz Santos.

Almeida responde que não seria mais possível, pois Marinho já havia deixado a Vila Kennedy.

Mensagens indicam negociação de armas

Uma das funções de Almeida na milícia, ainda de acordo com a investigação, seria a negociação de armas e carregadores com vendedores do comércio clandestino. Em conversas ele diz que consegue fuzis AR-10 por R$ 65 mil a unidade.

armas sobre a mesa
Armas negociadas por Almeida, de acordo com a investigação - Reprodução

Nas polícias do Rio de Janeiro, essa arma é usada somente por agentes do Bope (Batalhão de Polícia Operações Policiais), como no caso dos atiradores de elite, e pela Core (Coordenadoria de Recursos Especiais). É considerado um fuzil leve, mas mais potente, já que tem munição 7,62mm.

Ainda segundo Almeida, no diálogo, ele diz estar com um traficante de armas que também oferece o armamento para quadrilhas do tráfico da Rocinha e da Maré. Almeida informa a supostos integrantes da milícia que o criminoso estaria disposto a aceitar o pagamento pelas armas e munição em duas vezes.

A milícia investigada é a maior do Rio de Janeiro, de acordo com a Promotoria. Luis Antonio da Silva Braga, o Zinho, é apontado pela Promotoria como seu principal líder. Ele está foragido. Sua advogada, Leonella Viera, nega as acusações. Milicianos são criminosos que extorquem dinheiro de comerciantes e moradores em troca de suposta segurança e possuem infiltrados no poder público.

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