Descrição de chapéu Datafolha

Ações da prefeitura sobre moradores de rua são péssimas para 73% dos paulistanos

Proporção chega a 81% entre quem vota em Boulos, e cai para 63% entre apoiadores de Nunes

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São Paulo

As ações da gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) em relação aos moradores de rua são consideradas ruins ou péssimas para 73% dos paulistanos, segundo pesquisa Datafolha.

Foram entrevistadas 1.092 pessoas no município, nos dias 29 e 30 de agosto, e a margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

O percentual aumentou em relação a levantamento sobre o assunto feito em abril do ano passado, quando a pior avaliação foi dada por 63% dos entrevistados. Na pesquisa mais recente, apenas 8% julgaram as ações como ótimas ou boas e 18%, como regulares.

Moradores de rua na avenida Manuel Bandeira, próximo à Cegesp, na zona oeste de São Paulo
Moradores de rua na avenida Manuel Bandeira, próximo à Cegesp, na zona oeste de São Paulo - Danilo Verpa/Folhapress

A desaprovação coincide com o aumento de 31% da população de rua na cidade durante a pandemia. Segundo censo dos sem-teto divulgado pela gestão municipal no início do ano passado, em 2021, havia 31.884 pessoas vivendo nas ruas, 7.540 a mais do que o registrado em 2019, quando eram 24.344 nessa situação. Em relação a 2015, o número dobrou.

A percepção de que a prefeitura tem falhado em fazer frente ao problema social é maior entre jovens de 16 a 24 anos (78% acham que as ações são ruins ou péssimas) e estudantes (89%). Em relação à renda, o maior grupo de críticos são pessoas com orçamento familiar de mais de dez salários mínimos (88% tem essa opinião). Na faixa de quem ganha até dois salários mínimos, 71% responderam "ruim ou péssimo" em relação ao tema.

Entre os que afirmaram intenção de votar em Nunes nas eleições municipais do próximo ano, 63% criticaram as ações relacionadas aos moradores de rua. Entre quem declara voto em Guilherme Boulos (PSOL), esse índice sobe para 81%.

A taxa também é maior aumenta entre os que consideram as gestões Nunes e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) ruim ou péssima, 86% e 84%, respectivamente.

A nota baixa também é maioria entre os que afirmaram terem votado em Boulos (81%) para prefeito nas eleições de 2020. Já entre quem votou em Bruno Covas (PSDB), a taxa é de 67% —Nunes era vice de tucano e assumiu após a morte dele, em 2021.

Moradores do centro da cidade também são os que mais avaliam mal o assunto, 81%, seguidos pelos das zonas sul e oeste (76% em cada uma), e norte e leste (69% em cada uma).

A região central da cidade concentra 40,3% da população de rua, segundo o censo da prefeitura divulgado no início do ano passado. No perímetro compreendido pela Subprefeitura da Sé, há 12.851 pessoas vivendo nas ruas, mais do que o dobro da Mooca, que ocupa a segunda posição com 5.811 indivíduos.

A situação levou o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), a determinar que o governo federal crie um plano para implementar uma política nacional sobre moradores de rua, no fim de julho, sob alegação de "estado de completa omissão do Estado" em relação ao tema. Moraes proibiu a retirada forçada de pertences dos sem-teto e ordenou que órgãos estaduais de vigilância sanitária garantam abrigo aos animais de estimação dos moradores de rua.

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