Iara Comito Srougi era uma mulher de personalidade forte, irredutível e, ao mesmo tempo, engraçada e amorosa. Protegia a família com todas as suas forças para ver bem a todos os que amava.
Era filha única da dona de casa Leonor e do delegado Alfredo, imigrante italiano. Nasceu em Santos, no litoral paulista, em 11 de agosto de 1942.
Estudou no colégio de freiras Stella Maris e mudou-se para a capital para cursar a faculdade de filosofia da PUC-SP. Na capital, conheceu Miguel Srougi, que viria a ser um renomado urologista, referência em sua especialidade.
"Ela conheceu meu pai no final da Copa de 1970. Ficaram noivos quatro meses depois e logo se casaram", diz o filho Victor Srougi, também urologista.
Srougi dedicava-se muito à medicina, e Iara desdobrava-se lecionando filosofia em três escolas públicas de ensino médio.
Em 1975, tiveram o primeiro filho, Thomaz Srougi e, na sequência, foram morar em Boston, enquanto Srougi fazia pós-graduação na Universidade Harvard, nos Estados Unidos. O casal passou por dificuldades nesse período, mas um sempre apoiava o outro, buscando um futuro melhor.
Ao final dos estudos, retornaram para o Brasil, e Iara continuou apoiando o marido no aperfeiçoamento da carreira.
"Enquanto isso, minha mãe sempre cuidou da família, dos filhos. Eu nasci em 1983. Minha mãe deu segurança para o meu pai ser quem ele é, para poder se dedicar tranquilo à medicina, sem ter que se preocupar com o que estava acontecendo em casa, porque minha mãe protegia a gente de tudo", conta Victor.
"Ela era muito determinada, cabeça dura ao extremo, terrivelmente irredutível e muito independente. Era brava e dura com os filhos. A gente sabe hoje que isso só se converteu em benefícios. Era muito carinhosa, tinha um jeito bem irreverente e, de certa forma, engraçada", conta.
O filho reforça que, se não fosse por ela, nem o marido nem os filhos teriam se desenvolvido e se tornado quem são.
"Ela era protetora de forma absurda, sempre acolheu a gente, manteve a família forte, unida, fez todo mundo crescer, acho que esse foi o grande feito da vida dela", afirma.
Iara teve problemas cardíacos que foram se agravando progressivamente e que exigiram uma cirurgia, realizada há pouco mais de um mês. Complicações pós-operatórias causaram a morte em 20 de setembro, aos 81 anos.
"Ela era bem católica, praticante, com muita fé em Deus, mas tinha muito medo da morte. A gente conversou muito com ela, reforçamos a ideia, com base na fé dela no catolicismo, de que a alma é imortal. De que o que importa é tudo o que ela fez, o que ela era, que é o que fica. Acho que isso a ajudou um pouco", diz Victor.
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