Educadora física formada nos anos 1980, a jovem catarinense Ana Beatriz tinha o sonho de abrir uma clínica de fisioterapia. A jornada até a criação do negócio em Florianópolis começaria na década de 1990 com a segunda graduação, e a trajetória de fisioterapeuta fez com que ela se tornasse referência para alunos, colegas de profissão e pacientes.
Ana Beatriz Tonon Cherem nasceu em Tubarão, a cerca de 134 km da capital de Santa Catarina, em 1965. Morou durante a infância e parte da adolescência na cidade, onde praticava basquete, vôlei e handebol, seu esporte favorito.
A faculdade de fisioterapia, em Joinville, exigiu ainda mais dedicação de Ana, com o nascimento da filha ainda durante a graduação, em 1992, no Dia das Mães daquele ano. "Morávamos só nós duas até os meus cinco anos, que foi quando ela casou e foi morar junto com meu pai", afirma Morgana Tonon Pacífico, 31.
"Eles se conheceram quando eu tinha seis meses, na primeira vez em que ela pôde sair depois que eu nasci", diz a filha sobre o casamento de Ana e Gerson Cherem II, 60.
Ao longo do tempo, Ana Beatriz ganhou reconhecimento de colegas e alunos pela sensibilidade, pelo bom humor e pela confiança que inspirava com sua dedicação à fisioterapia. "Ela tinha um bom humor invejável, era uma pessoa pra cima", afirma Morgana.
A carreira de Ana, iniciada nos atendimentos e com uma pausa para o nascimento do segundo filho, Pedro, em 1997, ampliou-se para o ensino. O reconhecimento foi manifestado por ex-alunos e colegas em uma homenagem do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional publicada nas redes sociais.
Perto dos 40 anos, Ana seguiu o conselho que dava aos pacientes, segundo Morgana, e fez alguns exames para avaliar a saúde. Os resultados indicaram um carcinoma agressivo em um dos pulmões, cujo tratamento a fisioterapeuta enfrentaria sempre com pensamento positivo nos anos seguintes.
Entre os gostos estavam viagens, passeios de bicicleta pela avenida Beira-Mar Norte, em Florianópolis, e champanhe, com direito à participação em uma confraria para apreciar a bebida.
Para os filhos, o principal ensinamento foi o amor incondicional. "Sempre passou a mensagem de amar as pessoas, independentemente de quem seja, o que tenha e de onde venha", diz Pedro Augusto, 26.
"Ela gostava de casa cheia e de cozinhar para a família no fim de semana, com todos unidos. Era o elo de tudo", afirma Morgana.
Ana Beatriz morreu em 17 de setembro, aos 58 anos, em decorrência do câncer. Ela estava internada no Imperial Hospital de Caridade, em Florianópolis. Deixa a mãe, Vilma Tonon, 78, o marido, os filhos e o neto Arthur, 5.
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